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Corte no Moderfrota derruba vendas


Os efeitos da menor oferta de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Moderfrota, linha de financiamento para compra de máquinas, começam aparecer. Três meses após o anúncio dos recursos (feito junto com o Plano de Safra), as montadoras já cancelam pedidos, porque o BNDES não está autorizando novas liberações. O motivo é o menor volume de verba disponível: foram R$ 3,5 bilhões na safra 2002/03 e R$ 2 bilhões na atual.

Mais do que a burocracia para ter acesso ao dinheiro, a demanda bem acima da oferta pelos financiamentos fez com que o crédito acabasse em pouco tempo. Dos R$ 2 bilhões disponíveis para a safra 2003/04, o governo liberou R$ 447 milhões para serem usados entre julho e outubro. A procura pela linha foi tão intensa que no fim de agosto o governo foi teve de antecipar R$ 800 milhões.

Com isso, o Moderfrota terá R$ 1,25 bilhão até o final de janeiro de 2004. Os R$ 750 milhões restantes serão liberados para utilização entre fevereiro e junho do ano que vem. Segundo o BNDES, dos R$ 1,25 bilhão disponíveis até janeiro, R$ 190 milhões já foram liberados, R$ 750 milhões já estão comprometidos e R$ 310 milhões estão em análise.

"Se levarmos em conta todos os pedidos que já recebemos, quase toda verba de R$ 2 bilhões para o ano-safra está comprometida, aguardando apenas os prazos certos para serem liberadas", afirma Maria da Conceição Keller, chefe do Departamento de Operações Indiretas do BNDES.

Estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) indicam que a demanda mensal pelo crédito é de R$ 300 milhões. Com isso, a necessidade do setor para o ano safra 2003/04 seria de R$ 3,6 bilhões, 80% a mais do que o autorizado até o momento. "Estamos elaborando um pedido formal para o governo de aporte de capital", diz Pérsio Pastre, diretor da CNH.

Com os cancelamentos, confirmados pela CNH e pela Valtra - recentemente comprada pela AGCO -, a expectativa das indústrias é de retração de 10% nas vendas para 2003. "Já projetamos queda de 10% em nossas vendas para este ano", diz Cláudio Costa, diretor de marketing da Valtra, que no ano passado vendeu 7,5 mil tratores. Entre janeiro e agosto deste ano, as vendas internas recuaram 4,5%, para 25,8 mil unidades em comparação ao mesmo período de 2002.

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