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Cotação do suco de laranja em queda


Os preços futuros do suco de laranja encontram-se nos mais baixos níveis dos últimos 29 anos. A afirmação é de Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores Cítricos (Abecitrus). Segundo informa, a queda das cotações é sustentada pelo aumento da safra norte-americana, que será recorde este ano, se situando em 252 milhões de caixas no período, o que significa uma alta de 24,7% em relação às 202 milhões de caixas produzidas no ano passado. No Brasil, a safra 2004/05 deve sofrer um ligeiro aumento podendo se situar próxima a 330 milhões de caixas. O aumento da oferta aliado à retração da demanda está pressionado as cotações do suco de laranja.

No mês de janeiro, as exportações brasileiras de suco de laranja somaram 77,5 mil toneladas, uma queda de 62,9% sobre as vendas realizadas no mês de dezembro e de 36% sobre as exportações de igual período do ano passado, quando os embarques totalizaram 121,5 mil toneladas.

Concorrência inesperada

"Entre janeiro e fevereiro, as vendas externas despencaram para patamares inferiores à metade do que foi comercializado em igual período do ano passado", diz Garcia. Isso porque, com a colheita de uma safra recorde, os Estados Unidos vão produzir 108% da necessidade interna, estimada em 1,1 milhão de toneladas por ano. "Este ano haverá um excedente de 150 mil toneladas de suco de laranja no mercado norte-americano, que passará de importador à concorrente do Brasil", observa.

O mercado interno brasileiro é capaz de consumir entre 50 e 110 milhões de caixas de laranjas frescas, dependendo dos preços, que têm permanecido muito elevados nos últimos anos devido à boa remuneração oferecida aos produtores rurais e do preço do suco no mercado internacional.

Uma safra maior certamente terá reflexos nos preços da fruta fresca e do suco no mercado interno, dando-lhe importante impulso e se constituindo numa interessante alternativa para os citricultores. "A boa notícia é que o consumo de fruta pode ser maior este ano", diz. No pregão de ontem da bolsa de Nova York, os embarques futuros do suco de laranja foram negociados ontem a 63,95 centavos de dólar por libra-peso, em alta de 1,5% no dia, mas em queda de 18,7% em seis meses.

Perspectivas para 2004

A cadeia produtiva da laranja inicia o ano com cautela: a safra recorde dos Estados Unidos, a queda de 7% no consumo americano e a bolsa em seus níveis mais baixos em 29 anos desenham um pano de fundo pouco encorajador. "Novos produtos lançados com menor teor de suco, o crescente modismo de reduzir o consumo de carboidratos, especialmente nos Estados Unidos, e a estagnação econômica na Europa agravam o quadro", diz Garcia.

Segundo ele, com essa situação, a indústria brasileira terá que intensificar o desenvolvimento de novos mercados, especialmente a China, Rússia e Índia, cuja resposta, por melhor que seja, não substitui a redução de demanda nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo. Além disso, afirma Garcia, para que o mercado internacional volte a crescer e saia da estabilidade dos últimos anos, será necessário acelerar os acordos internacionais, como a Área Livre de Comércio das Américas (Alca), o acordo comercial entre a União Européia e o Mercosul, e as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). "O objetivo dessas negociações é ampliar o acesso do suco de laranja brasileiro nos principais mercados do mundo por meio da redução e eliminação de tarifas", conclui.

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