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Cotações da soja em Chicago voltaram a recuar nesta semana

Exportações estadunidenses têm avançado, porém, já com certa perda de fôlego


As cotações da soja em Chicago voltaram a recuar nesta semana, tendo chegado a US$ 10,20/bushel no dia 23/04. Posteriormente, ajustes técnicos melhoraram um pouco o panorama e o fechamento desta quinta-feira (26) chegou a US$ 10,28/bushel, contra US$ 10,37 uma semana antes.

O confronto comercial entre China e EUA, apesar de continuar, caminha para um acordo entre os dois países, apesar ainda de dificuldades e ações importantes de represálias de parte à parte. Isso vem acalmando os operadores em Chicago.

Ao mesmo tempo, tal confronto praticamente retirou a China do mercado estadunidense. Desde 10/04 os portos dos EUA não registram vendas de soja para os chineses, fato que igualmente pressiona Chicago para baixo.

Mesmo assim, as exportações estadunidenses têm avançado, porém, já com certa perda de fôlego. Somou-se a isso, algumas vendas de posições dos Fundos, embora o mercado esteja preocupado com a possibilidade, logo adiante, de vendas expressivas destes contratos já que os Fundos possuem cerca de 192.000 contratos comprados. A qualquer momento, um movimento de venda tipo “efeito manada” poderá ocorrer, derrubando as cotações em Chicago ainda mais. A melhoria do clima nos EUA poderá ser o estopim para isso.

Neste sentido, o clima melhora lentamente nas regiões produtoras estadunidenses e o plantio, embora ainda atrasado, começa a avançar com mais celeridade. Até o dia 22/04 o plantio da soja nos EUA atingia a 2% da área esperada, ficando dentro da média histórica. Para maio há expectativa de clima mais quente e seco nas regiões produtoras estadunidenses, fato que permitirá uma aceleração do plantio.

Dito isso, as exportações líquidas dos EUA, em soja, para o ano comercial 2017/18, iniciado em 1º de setembro, atingiram a 1,04 milhão de toneladas na semana encerrada em 12/04. Este volume foi 12% superior à média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2018/19 as vendas atingiram a 1,09 milhão de toneladas. O mercado esperava, na soma dos dois anos, um total entre 1,4 e 2,1 milhões de toneladas, o que foi até mesmo levemente superado.

Por sua vez, as importações de soja em grão pela China somaram 5,66 milhões de toneladas em março, com recuo de 10,5% sobre igual mês de 2017, segundo o governo chinês. No primeiro trimestre de 2018 a China importou 19,6 milhões de toneladas, com aumento de apenas 0,23% sobre o primeiro trimestre de 2017. Em março, os chineses compraram 2,33 milhões de toneladas do Brasil, com aumento de 33,3% sobre março do ano passado. O volume adquirido do Brasil em março significou 41,2% do total comprado pela China em março. No total do primeiro trimestre, a China comprou do Brasil 6,15 milhões de toneladas, com aumento de 128,7% sobre o primeiro trimestre de 2017. Tal volume trimestral representou 31,4% do total adquirido pelos chineses no período. Já as compras oriundas dos EUA recuaram 26,6% em março, ficando em 3,1 milhões de toneladas, por efeito do conflito comercial entre os dois países. No total do primeiro trimestre do corrente ano os chineses adquiriram dos EUA um total de 12,2 milhões de toneladas, representando um recuo de 20,5% sobre igual período de 2017, porém, ainda correspondendo a 62,2% do total comprado pela China no período. 

No Brasil, o recuo em Chicago foi compensado pela continuidade da desvalorização do Real. A moeda brasileira chegou a bater em R$ 3,51 (valor que não se via desde junho de 2016) em alguns momentos desta semana. Na média, a mesma trabalhou ao redor de R$ 3,48.

Mesmo assim, o balcão gaúcho registrou perda de um real por saco, fechando a semana na média de R$ 75,82. Nos lotes, a média gaúcha oscilou entre R$ 80,50 e R$ 81,00/saco, acusando estabilidade em relação a semana anterior. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 70,50/saco em Sinop (MT) e R$ 81,50/saco em Pato Branco (PR), passando por R$ 72,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 75,00 em Goiatuba (GO) e Uruçuí (PI); R$ 76,00 em Pedro Afonso (TO); e R$ 80,50/saco em Campos Novos (SC).

Quanto à colheita, até o dia 19/04 a Argentina chegava a 40% da área, contra 20% no ano passado nesta época. Já no Brasil a mesma atingia a 91% da área em 20/04, ficando exatamente na média histórica. No Rio Grande do Sul a mesma atingia a 66%, contra 74% na média; em Santa Catarina 84%, contra 83% na média; na Bahia 77%, contra 68% na média; e no conjunto dos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí ao redor de 84%, contra 70% na média histórica. Nos demais estados brasileiros a colheita estava praticamente concluída.

Por outro lado, a iniciativa privada reviu para cima a produção nacional desta safra que está encerrando a colheita, ao indicar um volume total de 119,2 milhões de toneladas, contra 114,2 milhões um ano antes (lembramos que as entidades públicas apontam um volume, por enquanto, ao redor de 115 milhões de toneladas). Os três principais estados produtores apresentam as seguintes estimativas: Mato Grosso, 31,8 milhões (31 milhões no ano anterior); Paraná, 19,4 milhões (19,4 milhões igualmente um ano antes); e Rio Grande do Sul, 17,5 milhões de toneladas (18,4 milhões no ano anterior) (cf. Safras & Mercado). 

O comportamento dos preços internos brasileiros volta a ficar fortemente dependente do movimento cambial, o qual deverá se manter instável diante dos fatores externos, ligados à possibilidade de aumento dos juros nos EUA, e internos, ligados ao quadro político nacional cada vez mais incerto com a proximidade das eleições gerais.

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