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Cotações da soja nesta semana continuaram melhorando em Chicago

Motivo principal das altas continuou sendo a trégua comercial entre EUA e China


As cotações da soja nesta semana continuaram melhorando em Chicago, porém, um forte ajuste técnico na quinta-feira as fez recuar abaixo dos níveis do final da semana anterior. Assim, o primeiro mês cotado, após bater em US$ 9,20/bushel no dia 12/12, caiu para US$ 9,07 na quinta-feira (13), contra US$ 9,09 uma semana antes.

O motivo principal das altas continuou sendo a trégua comercial entre EUA e China. A este respeito, durante a semana, o presidente dos EUA voltou a se mostrar otimista, informando que o mercado pode esperar por anúncios importantes nos próximos dias. Com isso, o mercado se manteve firme, porém, sem euforia, pois na prática ainda não apareceram números concretos de aumento de produtos agropecuários estadunidenses nas compras chinesas. 

Ajudou a esta cautela o fato de que o resultado comercial de novembro, das importações chinesas de todas as origens, somou 5,38 milhões de toneladas de soja em grão, com um recuo de 38% sobre o mesmo mês de 2017.

Todavia, mais para o final da semana circulou boatos de que os chineses teriam comprado enorme quantidade de produtos agrícolas estadunidenses, podendo ter chegado a 500.000 toneladas, sendo em parte soja. Isto reaqueceu um pouco o mercado, com o fechamento do dia 12/12 atingindo a US$ 9,20/bushel para o primeiro mês cotado. Este valor é um dólar mais elevado do que o registrado três meses antes em Chicago, para a mesma posição.

Além deste tema, o mercado ficou atento ao anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, feito no dia 11/12. Os números do mesmo vieram sem novidades maiores, ficando ao redor do que o mercado esperava. A produção dos EUA, recentemente colhida, foi confirmada em 125,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais em 2018/19 chegam a 26 milhões de toneladas. A safra mundial de soja foi aumentada para 369,2 milhões de toneladas e os estoques finais mundiais foram elevados para 115,3 milhões. Estes números podem ser considerados baixistas no médio prazo. Para o Brasil, o USDA espera uma futura colheita em 122 milhões de toneladas, enquanto para a Argentina a mesma fica em 55,5 milhões de toneladas. Enquanto isso, as importações chinesas seriam de “apenas” 90 milhões de toneladas de soja.

Por outro lado, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 29/11, foram consideradas boas, atingindo a 890.900 toneladas, ou seja, 87% acima da média das quatro semanas anteriores. O maior comprador foi a Argentina, que sofreu violenta frustração de safra na última colheita, com 169.500 toneladas. Para 2019/2020 as vendas externas somaram 4.100 toneladas. No somatório dos dois anos o mercado esperava um volume entre 600.000 e 1,1 milhão de toneladas.

Paralelamente, a Argentina informou que a China aceitou comprar entre 300.000 a 400.000 toneladas de óleo de soja do vizinho país. Tal volume ultrapassa em muito o volume total de apenas 130.000 toneladas compradas nos últimos três anos.

Este conjunto de fatores, e especialmente as negociações em torno do litígio comercial entre EUA e China, deram a sustentação às cotações da soja desde o início de dezembro. Entretanto, neste dia 13/12 o mercado arrefeceu um pouco, pois ainda espera resultados concretos da trégua comercial entre EUA e China.

Já no Brasil, o câmbio colaborou com a formação do preço da oleaginosa ao se estabelecer, durante a semana, entre R$ 3,85 e R$ 3,95 por dólar. Com isso, o produto exportado ganha valor em reais. Todavia, os prêmios nos portos, diante de um possível acerto entre chineses e estadunidenses, despencou nos últimos tempos, fechando a atual semana entre US$ 0,23 e US$ 0,77/bushel para dezembro. A média da semana recuou ao redor de 81% em relação a média de meados de outubro, ou seja, há dois meses.

Mesmo assim, a elevação em Chicago impediu um maior recuo nos preços internos da soja. No balcão gaúcho, por exemplo, a semana fechou em R$ 73,25/saco, recuando 45 centavos sobre o valor médio da semana anterior. Já os lotes recuaram para R$ 79,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 63,50/saco em regiões do Nortão do Mato Grosso, caso de Nova Xavantina, Canarana e Querência, e R$ 80,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 75,00 no centro e norte do Paraná; R$ 74,00 em São Gabriel (MS); R$ 70,00 em Goiatuba (GO); R$ 72,00 em Uruçuó (PI); e R$ 70,00/saco em Pedro Afonso (TO).

Dito isso, a comercialização da safra passada, no Brasil, até o dia 10/12, atingiu a 98% do total colhido, contra 96% na média histórica. Quanto a safra nova, que está sendo semeada ainda, a mesma chegou a uma comercialização antecipada, na mesma data, de 34% no país, contra a média histórica de 37%. No Rio Grande do Sul a mesma atingia a apenas 16%, contra 23% na média; no Paraná 28%, contra 26% na média; no Mato Grosso 48%, contra 47% na média; no Mato Grosso do Sul 33%, contra 34% na média; em Goiás 36%, contra 44% na média; em São Paulo 25%, contra 26% na média; em Minas Gerais 30%, contra 38% na média; na Bahia 32%, contra 42% na média; em Santa Catarina 23%, contra 22% na média. Nota-se que o Rio Grande do Sul está com vendas bem abaixo dos demais Estados, sendo que os gaúchos, juntamente com a Bahia e Minas Gerais, venderam antecipadamente, neste ano, bem menos do que a média. (cf. Safras & Mercado)

Pelo sim ou pelo não, por enquanto a estratégia de quem ainda vendeu pouco antecipadamente parece arriscada já que as projeções de preço, para o balcão gaúcho, na colheita, ficam entre R$ 62,00 e R$ 72,00/saco, enquanto vendas antecipadas em setembro/outubro passados chegaram a oferecer valores acima de R$ 80,00/saco para este tipo de comercialização.

Enfim, o plantio da nova safra brasileira de soja atingia a 97% da área esperada, em 07/12, contra 93% na média histórica para esta época do ano. Faltava pouca coisa a ser semeada ainda no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do conjunto dos Estados menos expressivos em produção. (cf. Safras & Mercado)

Neste contexto, no sul do Brasil o clima vem provocando prejuízos já no plantio da oleaginosa, com muitas regiões gaúchas tendo que replantar o produto em até três vezes devido a excesso de chuvas seguido de frio fora do normal (no último final de semana chegou a gear e nevar em determinadas regiões gaúchas e catarinenses), fato que aumenta em muito o já elevado custo de produção desta nova safra de soja.


 

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