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Cotações da soja recuam na última semana de março

Em paralelo, as exportações líquidas dos EUA, em soja, não foram boas na semana encerrada em 14/03


As cotações da soja recuaram durante esta última semana de março, na expectativa do relatório de intenção de plantio a ser divulgado no dia 29/03, assim como do relatório de estoques trimestrais estadunidenses na posição 1º de março (estaremos comentando tais números em nosso próximo boletim). Com isso, o fechamento desta quinta-feira (28), véspera do anúncio dos relatórios, ficou em US$ 8,89/bushel, após US$ 8,87 no dia anterior (a mais baixa cotação desde o final de dezembro passado), e US$ 9,10/bushel uma semana antes.

Na prática, o mercado externo se movimentou um pouco em função do anúncio de  novas reuniões entre representantes dos governos dos EUA e da China a se realizarem nos dias 28 e 29 de março. Todavia, não existiam perspectivas de solução para o conflito comercial entre os dois países no curto prazo. Além disso, o presidente dos EUA informou que, mesmo havendo acordo nos próximos meses, as tarifas aduaneiras sobre os produtos chineses continuarão por algum tempo até haver a garantia de que os chineses cumprirão o acordo na prática.

Outro elemento que movimentou o mercado veio do clima nos EUA, onde existem previsões de continuidade de muita chuva na área produtora daquele país nos próximos meses. No imediato, tal situação atrasa o plantio do milho e favorece maior área com a soja. O problema será se as chuvas continuarem e venham a atingir o plantio da oleaginosa. Por outro lado, em o plantio sendo realizado, chuvas na sequência serão benéficas para a safra, gerando uma tendência de mais uma colheita cheia nos EUA, fato que é baixista para as cotações futuras.

Houve certa firmeza do farelo de soja em Chicago, nos últimos 10 dias, devido a possibilidade de a China comprar mais carne suína estadunidense devido à crise de produção local em, função da peste suína que atinge o país asiático.

Em paralelo, as exportações líquidas dos EUA, em soja, não foram boas na semana encerrada em 14/03, ficando em apenas 399.500 toneladas para o ano comercial 2018/19 e negativas em 64.400 toneladas para 2019/20. O mercado esperava um volume entre 800.000 e 1,5 milhão de toneladas. Esse fato esfriou bastante o mercado, trazendo as cotações novamente para baixo dos US$ 9,00/bushel no final da semana.

Já as inspeções de exportação estadunidense de soja somaram 857.970 toneladas na semana encerrada em 21/03, acumulando no atual ano comercial, iniciado em 1º de setembro, um total de 28,5 milhões de toneladas, contra 40,9 milhões em igual período do ano anterior.

Auxiliou para isso igualmente a preocupação do mercado com números negativos junto as economias europeias, fato que levou os Fundos a venderem posições na soja e outras commodities.

Enfim, passou a existir um sentimento no mercado de que a área a ser semeada com soja nos EUA, apesar de menor em relação a 2018, acabará sendo maior do que o inicialmente previsto. Isso se deve a possibilidade de transferência de áreas de milho para a soja devido ao clima chuvoso no Meio Oeste estadunidense neste momento. Neste sentido, analistas privados indicam que o mercado apostaria em uma área de 34,9 milhões de hectares com soja, contra 36,1 milhões no ano passado. Isso representa um recuo de 3,3% na área de soja em relação ao ano anterior, porém, um aumento de 1,4% em relação ao que o Forum Outlook indicou em fevereiro. Já a área com milho subirá para 36,9 milhões de hectares, contra 36 milhões um ano antes.

Quanto aos estoques trimestrais, na posição 1º de março, o mercado apostava em 73,5 milhões de toneladas, sendo 28,1% superiores ao volume indicado no ano passado nesta mesma data.

Vale ainda destacar que o avanço da colheita sul-americana auxiliou igualmente a derrubar Chicago no final da semana, juntamente com a fraqueza do dólar no Brasil.

Neste sentido, no Brasil, os preços melhoraram um pouco, graças justamente ao câmbio, que voltou a bater nos R$ 4,00 por dólar em alguns momentos da semana devido as indefinições políticas e atritos entre o Presidente da República e o Presidente da Câmara dos Deputados, fato que está comprometendo os encaminhamentos referentes à Reforma da Previdência. Durante a semana, inclusive, circulou boatos de que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria saindo do governo diante do quadro nebuloso e até irresponsável da política nacional. Por enquanto, isso não se confirmou.

Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 71,52/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 74,00 e R$ 74,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 64,00 em Sorriso (MT) e R$ 77,00 em Campos Novos (SC), passando por R$ 73,50/saco nas regiões produtoras do Paraná; R$ 70,00 em São Gabriel (MS) e Uruçuí (PI); R$ 68,00 em Goiatuba (GO); e R$ 69,00 em Pedro Afonso (TO). 

Na prática, ocorre a única possibilidade de aumento nos preços internos da soja neste momento, que é uma forte desvalorização do Real devido aos impasses relativos à aprovação da Reforma da Previdência, como alertamos em diversas oportunidades nas semanas anteriores. Mas, o dólar, assim como foi, pode voltar rapidamente, pois acredita-se que tais impasses ainda possam ser superados nos próximos dias. Aliás, para o bem do Brasil, os mesmos têm que ser superados, sob pena de a economia travar definitivamente. Neste contexto, ainda circula a informação de uma possível greve dos caminhoneiros brasileiros, a qual, se vier, teria piores consequências do que as registradas em 2018.

Mas para os preços da soja, o forte recuo em Chicago acabou compensando parcialmente a desvalorização do Real, fato que segurou um aumento mais expressivo dos mesmos.

Dito isso, os prêmios nos portos brasileiros voltaram a recuar, ficando entre menos US$ 0,01 e mais US$ 0,32/bushel, travando igualmente os preços internos.

Enfim, até o dia 22/03 a colheita brasileira de soja chegava a 68% da área, contra 64% na média histórica para esta data, tendo sofrido uma redução em sua cadência devido ao clima chuvoso dos últimos dias em boa parte do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país. No Rio Grande do Sul, a mesma atingiu 19%, contra 13% na média; em Santa Catarina 20%, contra 24% de média; no Paraná 73%, contra 77% na média; e no Mato Grosso 99%, contra 92% na média.

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