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Cotações da soja voltam a subir em Chicago

Cotações da soja em Chicago, após tomada de lucros por parte dos operadores no dia 16/10,  voltaram


Foto: Pixabay

As cotações da soja em Chicago, após tomada de lucros por parte dos operadores no dia 16/10,  voltaram a subir e atingiram a US$ 10,73/bushel no fechamento desta quinta-feira (22) para o primeiro mês cotado. Uma semana antes o bushel valia US$ 10,62. Desta forma, em um pouco mais de dois meses o bushel subiu dois dólares, se aproximando da marca dos US$ 11,00, algo inimaginável até meados do corrente ano.

De acordo com a análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA),  o farelo de soja, diante da seca que também atinge a Argentina, exportador de quase 50% das vendas mundiais anuais, disparou em Chicago, atingindo a US$ 382,40/tonelada curta. Em pouco mais de dois meses este subproduto subiu US$ 96,80/tonelada curta, ou seja, 34,3%.

E isso ocorre em plena colheita nos EUA, colheita esta dentro da normalidade e até mesmo adiantada em relação aos padrões médios. Ou seja, o mercado da soja, assim como de outros produtos, voltou a ficar altamente especulativo, gerando uma bolha que pode estourar logo adiante. Todavia, é importante frisar que, pelo lado concreto do mercado físico, além das questões climáticas, existe grande demanda pela soja estadunidense neste momento, especialmente da China, fato que ajuda a sustentar os preços nestes níveis. Dito isso, a colheita da oleaginosa nos EUA, até o dia 18/10, atingiu a 75% da área, contra 58% na média histórica para esta época. O percentual colhido ficou dentro das expectativas do mercado. No ano passado, nesta época, apenas 40% da área havia sido colhida.

Por sua vez, as exportações estadunidenses de soja seguem firmes, forçando para cima as cotações, juntamente com as dificuldades de plantio na América do Sul devido ao clima seco em parte do Brasil e na Argentina. Assim, na semana encerrada em 08/10 tais vendas somaram 2,63 milhões de toneladas, com a China comprando mais de 1,5 milhão deste total. Até então, em todo o ano comercial, os EUA já haviam vendido 43,2 milhões de toneladas, com aumento de 142% sobre o mesmo período do ano anterior. Já na semana encerrada em 15/10 tais vendas externas somaram 2,17 milhões de toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado e somando um total de 11,5 milhões de toneladas no atual
ano comercial 2020/21, ou seja, 77% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.

No Brasil, diante de um câmbio que rompeu o teto dos R$ 5,60 por dólar e por ali permaneceu grande parte da semana, somado a prêmios importantes nos portos nacionais, e mais o ímpeto altista recente em Chicago, além do fato de que praticamente não há mais soja disponível no mercado local, os preços voltaram a subir, com o balcão gaúcho atingindo a R$ 151,68/saco na média semanal. Nas demais praças nacionais os preços médios registraram os seguintes valores: R$ 145,00 no Paraná; R$ 154,00 em Campo Novo do Parecis (MT); R$ 160,00 no CIF Maracaju (MS); R$ 145,00/saco igualmente em Rio Verde (GO) e em Luís Eduardo Magalhães (BA).

O clima seco e quente no Centro-Sul brasileiro atrasa o plantio, embora nesta última semana tenha havido chuvas em algumas regiões. Assim, no Mato Grosso, principal produtor nacional de soja, o plantio chegava apenas a 8,2% da área esperada em 16/10. No ano passado, até o dia 18/10 o mesmo atingia a 41,8% da área, segundo o Imea. A média histórica de área plantada naquele Estado, para esta época do ano, é de 32,8%.

Desta forma, não surpreende as novas altas de preços da oleaginosa tanto no Mato Grosso, quanto no restante do país. Com isso, não houve efeito baixista sobre os preços locais o anúncio do governo de
retirar a tarifa externa comum do Mercosul incidente sobre as importações de soja brasileiras procendentes de países de fora do bloco, visando baixar os preços internos dos derivados, especialmente óleo de soja e rações. Tais importações deverão continuar, podendo se acelerar em janeiro já que a colheita da nova safra será atrasada devido as dificuldades de plantio.

Além disso, a alta dos preços até os atuais níveis deixa o que resta de soja nacional para exportação menos atrativa, já que os EUA estão em plena colheita, ofertando um produto mais em conta no momento. O problema continua sendo o abastecimento interno do produto, junto às indústrias moageiras brasileiras, que não conseguem produto suficiente, tendo que recorrer a importações.

Em termos gerais, a partir de agora o mercado estará muito atento ao clima no Brasil e na Argentina, pois se as chuvas não retornarem a contento, Chicago deverá subir mais, rompendo o novo teto que é de US$ 11,00/bushel. Desta forma, o fenômeno La Niña, previsto com antecedência pela meteorologia, efetivamente está se concretizando no Centro-Sul brasileiro e na Argentina. 

Dito isso, houve o retorno de chuvas em algumas regiões, como já frisado, o que auxiliou a acelerar o plantio da oleaginosa nas regiões em dificuldades, caso do Paraná, onde o mesmo teria atingido a 32% da área até o dia 19/10. Em termos de Brasil, o mesmo estaria ao redor de 6% da área, contra 21,4% um ano antes e 22,2% na média histórica.

Dito isso, a maior preocupação é quanto ao plantio do milho de verão, que vem tendo perdas nas lavouras já plantadas, assim como vendo a janela de plantio se fechar sem clima favorável. Neste contexto, a realidade futura de preços para a soja parece confirmar um mercado acima dos R$ 100,00/saco durante a colheita nacional, pois além do atraso no plantio, diante do mesmo a colheita, quando entrar, já poderá ter cerca de 70% da nova safra vendida antecipadamente (por enquanto, 53% da mesma já está vendida) (cf. StoneX). Obviamente, o preço naquela ocasião irá depender muito de como estará o câmbio no Brasil. Por outro lado, ainda se espera uma safra nacional de soja acima de 133 milhões de toneladas.

Diante do atraso no plantio, nota-se igualmente que muitos produtores, nas regiões mais atingidas, começam a renegociar entregas de soja previstas para janeiro, pois possivelmente não terão o produto à disposição. Dito isso, é preciso atentar para os problemas logísticos que poderão ocorrer em fevereiro, pela concentração da colheita atrasada. Problemas de armazenagem e, principalmente, de frete poderão ser comuns nas diferentes regiões nacionais. Assim, repetimos, a baixa oferta em janeiro, tanto pelo atraso na colheita quanto pelo fato de não haver praticamente estoques no país, deverá manter os preços da soja elevados no início do próximo ano, salvo mudança radical no câmbio.

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