CI

Cotações do milho em Chicago igualmente oscilaram

Relatório do USDA acabou surpreendendo o mercado



As cotações do milho em Chicago igualmente oscilaram, porém, acabaram fechando a quinta-feira (14) no mesmo nível da semana anterior, ou seja, US$ 3,41/bushel. 

O relatório do USDA acabou surpreendendo o mercado, pois trouxe uma estimativa de colheita superior para os EUA. O mesmo indicou um volume final de 360,4 milhões de toneladas de milho, com estoques finais em 59,3 milhões. Com isso, o patamar de preços médios aos produtores locais foi reduzido para valores entre US$ 2,80 e US$ 3,60/bushel para o corrente ano 2017/18.

Em termos globais, a safra mundial ficou estimada agora em 1,032 bilhão de toneladas, com estoques finais em 202,5 milhões de toneladas. A produção da Argentina e do Brasil está estimada em 42 e 95 milhões de toneladas respectivamente, enquanto o relatório apontou exportações brasileiras ao redor de 34 milhões de toneladas em 2017/18.

Dito isso, a pressão da colheita nos EUA já começa a existir, associada a exportações estadunidenses que ainda não entusiasmam tendo ficado em 1,48 milhão de toneladas na semana anterior.

Ao mesmo tempo, as condições das lavouras nos EUA se mantiveram em 61% entre boas a excelentes, até o dia 03/09, enquanto a colheita, até esta data, dava conta de 5% da área já cortada.

Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB ficou em US$ 150,00 e US$ 105,00 respectivamente.

Já no Brasil, os preços continuaram estáveis, havendo algum viés de alta regional em função de os produtores da safrinha nacional, particularmente em São Paulo, estarem segurando o produto visando preços melhores. A média no balcão gaúcha fechou a semana em R$ 23,49/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 29,50 e R$ 30,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 14,50/saco em Sorriso, Campo Novo do Parecis e Sapezal (MT) e R$ 29,00/saco em Videira e Concórdia (SC).

O mercado interno está muito dependente da retomada das vendas por parte dos produtores da safrinha. Quanto mais os mesmos segurarem o produto, mais pressão altista ocorrerá no porto, onde há, neste momento, filas de navios para embarcar o milho nacional. Outro fator que já preocupa é o atraso nas chuvas em setembro, atingindo as lavouras de verão do centro-oeste, sul e sudeste brasileiros em particular. Dito de outra maneira, os estoques estão em mãos dos produtores, especialmente paulistas, enquanto os consumidores se veem sem produto e começam a pressionar para compras.

Soma-se a este contexto conjuntural o fato de que os embarques de milho, por parte do Brasil, continuarem aumentando, mesmo diante de um Real valorizado. Setembro já teria embarcado 1,5 milhão de toneladas e as nomeações de navios para o total do mês chegam a 5,8 milhões de toneladas. Em se conservando tal volume nos meses seguintes, o país finalmente conseguirá dar conta de boa parte de seus estoques excedentes, fato que permitirá melhoria no preço do cereal ao produtor. O referencial Campinas, por exemplo, fechou a atual semana em R$ 29,00 a R$ 29,50/saco no CIF disponível, quando há poucos dias o mesmo não atingia a R$ 25,00/saco.

Apesar deste movimento altista, é bom não esquecer que o avanço na colheita dos EUA tende a forçar baixas de preços em Chicago, tornando o milho brasileiro menos competitivo, especialmente se o Real continuar nos atuais níveis cambiais. Além disso, ainda há grande volume de milho safrinha a ser comercializado.

Por outro lado, o plantio da nova safra de verão do Centro-Sul brasileiro está indicando uma forte redução de área. A projeção atual é de 3,85 milhões de hectares, contra 5,3 milhões no ano anterior. Isso representa um recuo de 27,4% na área semeada. Não há dúvidas de que sendo confirmado tal recuo, a pressão altista sobre os preços do cereal se fará sentir a partir do início de 2018. Especialmente se o clima trouxer alguma surpresa negativa (fala-se em retorno do La Niña neste verão, o que seria sinônimo de falta de chuvas, problema que já aparece em muitas regiões brasileiras no momento). No Rio Grande do Sul a área cairia em 27,3% no plantio do milho de verão. Até o dia 08/09, no conjunto do Centro-Sul brasileiro tal plantio chegava a 3,8% da área, contra 5,2% em igual momento do ano anterior, sendo 15% no Rio Grande do Sul, contra 17% no ano anterior. Paralelamente, a colheita da safrinha nacional estava praticamente encerrada neste início de setembro (cf. Safras & Mercado).

Enfim, vale ainda destacar que as projeções de estoques finais para o Brasil, para a safra total de milho 2018 foram reduzidas para 18,6 milhões de toneladas no momento, contra 20,4 milhões em 2017 (cf. Safras & Mercado). Mesmo assim, estoques elevadíssimos considerando-se a média histórica nacional.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.