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Cotações do milho em Chicago igualmente recuaram

Pressão da colheita nos EUA permitiu a recuperação de boa parte das lavouras daquele país, segura o mercado no momento.



As cotações do milho em Chicago igualmente recuaram em boa parte da semana, se recuperando no último dia do mês graças a ajustes técnicos. Assim, o fechando do dia 31/08 ficou em US$ 3,42/bushel, repetindo o fechamento de uma semana atrás, enquanto na véspera o bushel havia sido cotado a apenas US$ 3,29. A média de agosto ficou em US$ 3,53/bushel, contra US$ 3,77 em julho.

A pressão da colheita nos EUA, que se inicia lentamente, somada a uma melhoria climática em agosto, que permitiu a recuperação de boa parte das lavouras daquele país, segura o mercado no momento.

Além disso, o Crop Tour da ProFarmer indicou uma produtividade média ainda muito boa (10.491 quilos/hectare) nos EUA, apesar de mais baixa do que a indicada pelo USDA em seu relatório do dia 10/08, que foi de 10.642 quilos/hectare. Com isso, a safra poderá muito bem chegar a 354 milhões de toneladas nos EUA e os estoques finais ao redor de 53 milhões para o ano 2017/18, ou seja, dentro das projeções iniciais. A partir de agora o mercado foca no início da colheita nos EUA e no próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/09, lembrando que geralmente o órgão público aponta dados superiores aos indicados pelo Crop Tour.

Paralelamente, as condições das lavouras estadunidenses, até o dia 27/08, permaneceram em 62% entre boas a excelentes, enquanto as exportações de milho por parte dos EUA não entusiasmam o mercado, tendo ficado em apenas 805.000 toneladas na semana anterior. Além disso, há pressão de venda do cereal por parte do Brasil e da Argentina neste momento (cf. Safras & Mercado).

Neste sentido, o mercado espera uma retomada das exportações de milho nos EUA, a partir do início da colheita, já que o preço no Golfo do México está agora entre US$ 12,00 a US$ 15,00/tonelada mais baixo do que os preços praticados na América do Sul (cf. Safras & Mercado). Tal realidade tenderá a forçar novas baixas nos preços de venda por parte da Argentina e do Brasil, particularmente a partir de outubro.

Na Argentina, a tonelada FOB fechou a última semana de agosto na média de US$ 147,00, enquanto no Paraguai a mesma registrou US$ 101,00.

Aqui no Brasil os preços se mantiveram estáveis, com viés de baixa em muitas regiões. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 23,00/saco, com leve melhora sobre as semanas anteriores, porém, os lotes permaneceram entre R$ 27,50 e R$ 28,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 13,00/saco em Sorriso, Sapezal e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 28,50/saco em Videira e Concórdia (SC). Na Sorocabana paulista ofertas existentes a apenas R$ 23,00/saco, enquanto o referencial Campinas aponta valores entre R$ 26,50 e R$ 27,00/saco no CIF disponível. No porto de Santos valores ao redor de R$ 29,00/saco no disponível.

Tudo indica que a BM&F e o porto de Santos terão que corrigir para baixo seus preços nas posições mais próximas diante da preocupação com as exportações. Neste momento há cancelamento de navios e cargas não completas nos embarques. No porto catarinense de São Francisco do Sul, nesta semana, houve o cancelamento de três navios de 66.000 toneladas cada um, com embarques previstos para setembro. Isso só tende a projetar estoques finais nacionais ainda mais altos.

Assim, se os dados positivos da exportação em agosto (4,5 milhões de toneladas de milho até o momento) devam colocar o volume mensal dentro do que finalmente o país necessita para escoar seus elevados estoques, o quadro pode não se confirmar já a partir de setembro, embora haja, até o momento, programação de embarques ao redor de 3,6 milhões de toneladas para este novo mês.

Na BM&F o sentimento de muitos analistas é que a mesma está se comportando fora da realidade do mercado físico, na medida em que tenta sustentar preços acima do que realmente o mercado aponta. A colheita em São Paulo ganhou força e há tendência de queda local nos preços em até R$ 1,00/saco na próxima semana devido ao aumento da oferta. Além disso, com a forte baixa de preços em Chicago, o produto nacional deverá baixar muito de preço para ter um mínimo de competitividade diante do milho estadunidense, o qual começa a ser colhido.

Portanto, não há otimismo para o futuro dos preços do cereal no Brasil nas próximas semanas, salvo casos regionais isolados.

Por sua vez, apesar de o governo brasileiro ter realizado leilões de Pepro e de Pep que executaram 8,4 milhões de toneladas a partir dos R$ 500 milhões liberados para este fim, o volume é pequeno e praticamente não há mais recursos (restariam algo em torno de R$ 30 milhões para um pequeno leilão) para novos leilões e alocação de recursos (cf. Safras & Mercado).

Enfim, a situação no Brasil só melhora se as exportações mantiverem um ritmo mensal de 5 milhões de toneladas até janeiro próximo, algo hoje improvável diante dos preços praticados, embora parte do mercado aposte nesta possibilidade. Dito isso, destaca-se, em contrapartida, que os preços na Argentina estão subindo justamente porque tradings estão aumentando as compras para embarques após outubro, deixando de lado o milho brasileiro.
 

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