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Cotações do milho recuaram durante a semana

A cotação do bushel de milho, em Chicago, para o primeiro mês cotado, recuou durante esta semana. O fechamento desta quinta-feira (26) ficou em US$ 7,65, contra US$ 7,83 uma semana antes


Foto: Nadia Borges

A cotação do bushel de milho, em Chicago, para o primeiro mês cotado, recuou durante esta semana. O fechamento desta quinta-feira (26) ficou em US$ 7,65, contra US$ 7,83 uma semana antes. O valor deste dia 26/05 foi o mais baixo, para o primeiro mês em Chicago, desde o dia 11/04 do corrente ano. Segundo analistas internacionais, as cotações recuaram com a melhoria dos embarques do cereal por parte da Ucrânia; somada a um novo acordo de exportação de milho entre China e Brasil, o qual tira mercado do produto estadunidense, e da melhoria no plantio da nova safra nos EUA. 

No caso do acordo sino-brasileiro, a China anunciou que começará a importar milho do Brasil, visando reduzir a dependência para com o produto dos EUA e da região do Mar Negro, hoje em tensão devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Tal acordo pode ameaçar o domínio dos EUA no mercado chinês do cereal.Por sua vez, os EUA informaram, através do USDA, que a área semeada com milho chegou, no dia 22/05, a 72% do esperado, contra 79% na média histórica. Do total semeado, 39% já emergiram, contra 51% na média histórica para esta data. Em paralelo, os embarques de milho pelos EUA, na semana encerrada em 19/05, atingiram a 1,7 milhão de toneladas, superando as expectativas do mercado.

Neste atual ano comercial, o volume total chega a 40,8 milhões de toneladas, ou seja, 17% a menos do que o exportado em igual período do ano anterior. Enquanto isso, na Argentina, o governo estuda aumentar o limite de exportação de milho para 35 milhões de toneladas para a atual safra, contra 30 milhões até então. Em  dezembro passado, o governo do vizinho país havia limitado as exportações, para o ciclo atual, a 25 milhões de toneladas, contra 41,6 milhões de toneladas no ano anterior, na expectativa de conter a inflação. Agora em maio elevou o limite para o nível atual e pensa em aumentar, portanto, um pouco mais tal limite. Com isso, os argentinos estarão mais presentes no mercado internacional do cereal, concorrendo com o Brasil.

A colheita de milho, safra 2021/22, na Argentina, para uso comercial, está prevista em 49 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, sendo que 44% da mesma já estava concluída na semana passada. Por enquanto, 27 milhões de toneladas já estariam vendidas. E no Brasil os preços do cereal voltaram a recuar. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 84,71/saco, enquanto nas demais praças os preços oscilaram entre R$ 73,00 e R$ 85,00/saco. Neste momento, em termos nominais, a média gaúcha está menor do que os R$ 88,35/saco de um ano atrás. Portanto, em termos reais as perdas no preço são ainda maiores. Nas demais praças as perdas nominais médias, em relação aos preços do ano passado, nesta época, ficam ao redor de 11%. Considerando que a inflação oficial está em 12,2% no período, o poder de compra do saco de milho, nas demais praças brasileiras, em termos reais, recuou quase 25% neste momento. E se levarmos em conta a forte alta dos custos de produção, na altura de 55%, a situação piora sensivelmente.

Já na B3 o contrato julho/22, no início do pregão desta quinta-feira (26), era cotado à R$ 90,39/saco; setembro valia R$ 93,46; novembro R$ 95,75; e janeiro/23 R$ 97,91/saco. Além dos fatores externos, o início da colheita da safrinha começa a derrubar os preços internos do cereal. Hoje os portos brasileiros trabalham na faixa entre R$ 90,00 e R$ 93,00 e não se fala mais em R$ 100,00/saco. Além disso, o frio que chegou com o ciclone na semana anterior não trouxe geadas nas principais regiões produtoras brasileiras, havendo incidências apenas pontuais, não se esperando grandes perdas no Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, onde o fenômeno teria ocorrido sobre a safrinha. Assim, as negociações com milho, no país, seguiram lentas. No Mato Grosso, a colheita da safrinha registrava 1,2% da área no dia 20/05, indicando que o processo deverá se acelerar daqui em diante. A mesma começa antes do que ocorreu no ano passado e também supera a média histórica, que é de 0% nesta data. 

Já no Paraná, 14% das lavouras entraram em maturação e 60% estão em frutificação. 84% do total das lavouras apresentam condições entre boas a excelentes, 14% médias e apenas 2% ruins. Quanto a safra de verão, a colheita está praticamente encerrada, tendo fechado com 32% das lavouras em boa situação, 48% médias e 20% ruins. 

E no Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul, a safrinha teria sido feita sobre 2 milhões de hectares aproximadamente, o que representa 12,6% a menos do que no ano anterior. A expectativa de produção continua em 9,34 milhões de toneladas naquele Estado. Neste momento, 89,5% das lavouras estão em boas condições e apenas 2,3% em situação ruim. Em termos de preços, na semana anterior o saco de milho perdeu quase um real, ficando em R$ 76,04. Em 12 meses o mesmo já perdeu 18,3%, pois no mesmo período do ano passado estava valendo R$ 94,34, contra a média de R$ 77,08 registrada até este momento, neste mês de maio. Por enquanto, os produtores sul-matogrossenses negociaram 21% da safrinha esperada, estando 10 pontos percentuais abaixo do comportamento do ano anterior. Em termos de exportação, nos primeiros 21 dias úteis de maio o Brasil acumula, no mês, um total de 801.033 toneladas vendidas ao exterior. Este volume já corresponde a 5.654% acima do volume embarcado em todo o mês de maio de 2021. Com isso, a média diária de embarques ficou em 53.402 toneladas, contra apenas 663 toneladas do mês de maio de 2021. Enfim, o preço por tonelada obtido cresceu 20,4% no período, saindo dos US$ 295,50 no ano passado para US$ 355,70 neste mês de maio. 

Por outro lado, o país importou 85.013 toneladas de milho no mesmo período de maio, o que significa que recebeu 36,5% a mais do que o importado em todo o mês de maio de 2021. A média diária de volume importado, neste mês de maio, é 91% superior a média registrada em maio do ano passado. O valor da tonelada importada aumentou 21,5% de um ano para outro, se fixando agora na média de US$ 277,10/tonelada. Enfim, vale destacar, em relação ao acordo comercial entre Brasil e China, para a exportação de nosso milho, que o processo ainda precisa de um acordo sobre equivalência de transgênicos para ser finalmente viabilizado, segundo a Abramilho.

Sobre isso, os chineses têm interesse em realizar acordo de equivalência regulatória de milho transgênico para permitir comércio, até porque já teriam feito compras antecipadas do cereal brasileiro para embarque em setembro. Com a safrinha muito boa que se espera, o país deverá ter milho suficiente para atender igualmente a demanda chinesa. A China tem transgênicos aprovados de outros países semelhantes aos existentes no Brasil, mas mesmo assim é preciso um acordo de equivalência de biotecnologia entre os dois países para viabilizar tais exportações

As informações são da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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