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Cotações do milho subiram em março

Com a forte valorização do dólar no mercado mundial, os preços do cereal não conseguem se elevar muito


Foto: Eliza Maliszewski

As cotações do milho em Chicago também subiram neste início de março, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (05) em US$ 3,84/bushel, após US$ 3,64 uma semana antes. A média de fevereiro ficou em US$ 3,77/bushel, contra US$ 3,85 em janeiro e US$ 3,73/bushel em fevereiro de 2019. 

Com a forte valorização do dólar no mercado mundial, os preços do cereal não conseguem se elevar muito, pois as exportações estadunidenses perdem competitividade. Neste sentido, as vendas líquidas de milho, por parte dos EUA, chegaram a 864.600 toneladas na semana encerrada em 20 de fevereiro, ficando 26% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2020/21 as vendas externas somaram 113.600 toneladas.

A soma dos dois anos acabou ficando dentro das expectativas do mercado, porém, sem entusiasmar o mesmo. Por sua vez, há um claro movimento de contenção nos negócios devido ao coronavírus, doença que está provocando recuo significativo em todas as bolsas do mundo. As perdas acumuladas são as maiores desde 2011 e, em muitos casos, a realidade econômico-financeira do mundo se compara ao ocorrido na grande crise de 2007/08.

Em paralelo, as ameaças do governo argentino em aumentar as retenciones (tarifas sobre exportações agropecuárias) igualmente agitou o mercado do milho. Aparentemente, tais aumentos ficaram apenas na soja, porém, o mercado ainda estuda a nova situação no vizinho país. Afinal, faltam apenas 30 dias para começar a colheita do cereal na Argentina e tal realidade leva os produtores locais a se mobilizarem contra o governo. 

Este quadro, e as ausências de Brasil e Argentina na exportação devido a entressafra, deixam o milho estadunidense com mais procura, porém, as cotações pouco reagiram ainda a tal quadro.

Desta forma, o mercado depende de notícias mais consistentes para que os preços subam em Chicago. No curto prazo, isso poderá vir do fluxo de exportações dos EUA. (cf. Safras & Mercado) Se tais vendas não aumentarem, a tendência, no médio prazo, é de preços mais debilitados pois há expectativa de aumento de área semeada para a nova safra daquele país. Neste sentido, o relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 31/03, é aguardado com muito interesse. 

Na Argentina a tonelada FOB ficou cotada em US$ 172,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 157,50. E no Brasil, os preços se mantiveram firmes, com tendência à estabilização, apesar do quadro apertado em São Paulo. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 43,96/saco, enquanto os lotes registraram valores entre R$ 47,00 e R$ 48,00/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 41,00/saco em Sinop (MT) e R$ 55,00/saco em Itanhandu (MG), passando por R$ 53,00 em Alfenas (MG) e R$ 49,00/saco em Chapecó e Concórdia (SC). 

O mercado está muito concentrado na realidade de São Paulo, onde falta milho. Além disso, a demanda paulista não está conseguindo o cereal em outras regiões produtoras. Com isso, o referencial Campinas chegou a R$ 57,00 no CIF. Soma-se a isso a constante desvalorização do Real, batendo em R$ 4,65 durante a semana, o que estimula as exportações, forçando o mercado interno a pagar mais para  conseguir o pouco de produto que se mostra disponível. Ou seja, a paridade de exportação é outro elemento decisivo neste momento no mercado do milho.

Além disso, a logística de transporte se mostra cada dia mais complicada diante do avanço da colheita da soja, fato que deixa o milho em segundo plano, complicando o abastecimento. Como o plantio da safrinha está atrasado, a mesma somente deve entrar no mercado no final de junho. Até lá, a pressão altista sobre os preços do cereal deverá continuar.
No início de março ainda faltavam cerca de 40% da área da safrinha a ser semeada no Centro-Sul brasileiro. Para complicar o quadro, neste momento começam a surgir algumas projeções de falta de chuva nas regiões produtoras da safrinha em maio próximo, especialmente no Paraná e Mato Grosso do Sul.

Enfim, o plantio da safrinha, até o dia 28/02, atingia a 61% no Centro-Sul brasileiro, contra 79% no ano anterior nesta época e 59% na média histórica.Os maiores atrasos continuam em  Minas Gerais e São Paulo. No Estado mineiro o plantio atingia apenas 14%, contra 47% na média histórica, enquanto junto aos paulistas o mesmo era de 29%, contra 50% na média. Por outro lado, a colheita da safra de verão, até o 28/02, chegava a 36% da área no Centro-Sul brasileiro, contra 40% no ano passado na mesma época, e 35% na média histórica. 

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