Cotações do trigo recuam novamente em Chicago
Estoques finais estadunidenses em 25,2 milhões de toneladas
As cotações do trigo em Chicago recuaram novamente nesta semana, se estabelecendo abaixo do piso dos US$ 5,00/bushel, ao fechar a quinta-feira (13) em US$ 4,96, contra US$ 5,01 uma semana antes.
Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do Mercado Agropecuário.
O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/08, indicou o seguinte para o trigo na safra 2020/21:
1) Produção de 50 milhões de toneladas nos EUA, sem grandes mudanças em relação ao indicado no mês de julho;
2) Estoques finais estadunidenses em 25,2 milhões de toneladas;
3) Produção da Argentina em 20,5 milhões de toneladas e exportações em 14 milhões;
4) Produção do Brasil em 6,8 milhões de toneladas, com importações em 6,6 milhões;
5) Preços médios aos produtores estadunidenses em US$ 4,50/bushel, contra US$ 4,58 no ano anterior;
6) Produção mundial em 766 milhões de toneladas, com recuo de três milhões em relação a julho;
7) Estoques finais mundiais em 316,8 milhões de toneladas, com aumento de dois milhões de toneladas sobre julho.
A colheita do trigo de inverno nos EUA, até o dia 09/08, atingia a 90% da área, contra 93% na média histórica para o período. Já o trigo de primavera chegava a 15% colhido, contra 25% na média histórica. As condições das lavouras que faltavam colher, deste trigo, apresentavam-se com 73% entre boas a excelentes, 22% regulares e 5% entre ruins a muito ruins.
No Brasil, o preço médio no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 55,45/saco, enquanto em Santa Catarina o mesmo ficou ao redor de R$ 56,00/saco e no Paraná entre R$ 58,00 e R$ 60,00/saco.
A comercialização no mercado nacional é baixa, pois não há disponibilidade de trigo, enquanto a nova colheita se aproxima. No geral as lavouras estão apresentando boas condições, porém, a baixa umidade entre o final de julho e o dia 12/08 colocou em risco algumas áreas no sul do país.
A nova desvalorização do Real nesta semana colocou o trigo importado em melhores condições de competitividade, com o Brasil comprando 63.500 toneladas de trigo duro vermelho de inverno dos EUA ainda na semana anterior. No ano, o total de compras de trigo procedente dos EUA soma 419.800 toneladas. O trigo estadunidense está se beneficiando de cotas sem tarifa externa do Mercosul, retirada pelo governo brasileiropara este ano de 2020.
Enquanto isso, a Conab estima que a produção brasileira de trigo de fato deva ficar em 6,8 milhões de toneladas neste ano, com importações totais em 7,3 milhões de toneladas, mesmo com a melhoria nas estimativas de colheita. O Brasil já teria importado 3,5 milhões de toneladas do cereal no primeiro semestre, com alta de 150.000 toneladas sobre o mesmo período do ano anterior, sendo que a Argentina participou com 89,1% do total importado. Na sequência vem os EUA com 172.000 toneladas, Paraguai com 97.000 toneladas e Uruguai com 80.000 toneladas. Igualmente se espera compras da Rússia após a decisão brasileira, em junho, de permitir uma cota adicional de 450.000 toneladas a ser importada de fora do Mercosul sem a incidência da Tarifa Externa Comum (TEC). Esta cota adicional elevou o total anual isento desta tarifa para trigo de fora do Mercosul para 1,2 milhão de toneladas