Cotonicultores de Primavera do Leste (MT) antecipam vendas
As boas perspectivas dos preços no mercado internacional aumentaram a confiança dos produtores pelas vendas antecipadas da pluma nos próximos anos
As boas perspectivas dos preços no mercado internacional aumentaram a confiança dos produtores pelas vendas antecipadas de algodão nos próximos anos. De acordo com a Cooperativa de Produtores de Algodão de Primavera do Leste (Unicotton), 70% da safra do próximo ano já foram negociados através dos contratos de exportação (85%) e mercado interno (15%) e, para 2009, os produtores confirmam ter vendido 30% da safra. Há informações ainda de que muitos produtores já teriam iniciado as negociações para a venda da safra de 2010.
“Os preços não estão tão atrativos quanto os da soja, mas são os melhores dos últimos três anos. Por isso os produtores estão antecipando as vendas”, explica o presidente da Unicotton e membro do Conselho Consultivo da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), João Luiz Ribas Pessa.
Primavera do Leste e Campo Verde (239 quilômetros e 135 quilômetros, respectivamente de Cuiabá) ao sul do Estado, são os maiores produtores da fibra em Mato Grosso. A região concentra atualmente cerca de 60% da cotonicultura mato-grossense. A previsão do plantio é a partir do final de novembro.
Segundo ele, os preços estão evoluindo ano a ano. Nos contratos antecipados para 2007, os cotonicultores venderam o algodão a US$ 0,60/libra peso. Para 2008 os negócios foram fechados a US$ 0,68 e, para 2009, o algodão foi negociado a US$ 0,71 por libra peso, um avanço a olhos vistos.
“Os preços futuros do algodão estão avançando, mas não com a mesma força das demais commodities. Um preço bom para o algodão seria US$ 0,80 por libra peso”, avalia Pessa.
Considerando a safra de 750 mil toneladas de pluma – previsão para o ciclo 07/08 -, os produtores de Mato Grosso já negociaram cerca de 525 mil toneladas, sendo 446 mil toneladas para os contratos de exportação e, 79 mil toneladas, para o mercado interno.
Já para 2009 as vendas antecipadas totalizam 225 mil toneladas e, para 2010, pelo menos 75 mil toneladas já teriam sido negociadas pelos cotonicultores mato-grossenses até o momento, ou seja, negociações estão sendo travadas com mais de dois anos de antecedência, para o segmento produtivo isso representa a confiabilidade o mercado internacional sobre o produtor e também sobre a produção do Estado.
“O produtor antecipa suas vendas porque precisa de crédito para plantar. E, para conseguir recursos no banco, o produtor tem que ter contratos de exportação, o Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC)”, lembra Pessa.
Em Mato Grosso o produtor ainda utiliza muito pouco a bolsa porque o volume de negócio é pequeno. “São poucas indústrias que compram, pois boa parte das vendas é direcionada para o mercado interno”, informa uma fonte da Ampa.
Segundo o presidente da Unicotton, o produtor toma por base comercializar a safra com antecedência para poder utilizar esses contratos como proteção do custo de produção e como garantia na busca de financiamento junto às empresas de insumos, visando garantir o plantio da safra.
Mercado:
Para o analista de mercado da Sun Consultoria, Átila Santos Rosa, muitos produtores que já negociaram algodão até 2010 poderão não ter a chance de ganho com as altas previstas para os próximos anos. Ele entende que o produtor deve buscar proteção para os preços dos seus produtos, no mercado futuro, negociando através das bolsas. “Acreditamos que esta é a melhor forma de estruturar e definir bem uma estratégia de comercialização com gerenciamento de risco. E a ferramenta para esse gerencimento é por meio do hedge nas bolsas, com as operações de futuro e o mercado de opções”, acentua. A operação de hedge proteje, neste caso o produtor, das flutuações futuras dos preços pela taxa de câmbio.