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Cresce a participação dos EUA nas importações brasileiras de algodão


De janeiro a novembro de 2002 o Brasil importou apenas 59 mil ton de algodão em pluma, contra 79 mil ton importadas em 2001 e 290 mil ton em 2000. Cerca de quase 50% do volume adquirido foi oriundo do Paraguai, ainda o maior exportador de algodão para o Brasil.

O Paraguai produziu na safra 2001/02 cerca de 48 mil ton de algodão, em uma área plantada de 150 mil ha. As estimativas indicam uma área plantada entre 240 a 250 mil ha nesta próxima safra 2002/03, com a produção podendo alcançar de 87 a 95 mil ton. Se isto ocorrer, as exportações paraguaias de algodão passarão de 41,0 para algo entre 55 a 65 mil ton neste ano que se inicia. O consumo anual de algodão no Paraguai é estimado em apenas de 6 a 10 mil ton. Este país deverá continuar sendo o grande mercado exportador para o Brasil. A participação do algodão paraguaio na pauta de importações brasileiras cresceu de 20% em 2000 para 50% em 2002.

Algumas análises para a safra 2003/04 já indicam uma possível área de 275 mil ha no Paraguai, com a produção e exportação neste país podendo atingir 106,0 e 99,0 mil ton, respectivamente.

Além de permitir a expansão da participação do algodão paraguaio no Brasil, a extinção quase total do volume exportado pela Argentina (hoje praticamente 1,0 mil ton anuais ao Brasil), promoveu a abertura para a entrada do algodão de outros exportadores mundiais, especialmente os Estados Unidos. Em 2002 o Brasil importou em torno de 16 mil ton de algodão dos EUA, crescendo a participação deste país de insignificantes 3,7% em 2001 para mais de 27% no ano passado. Mais da metade do volume importado dos EUA foram destinados ao Nordeste, principalmente ao Ceará, cujo Estado vem tendo um recuo significativo na área plantada de algodão nos últimos dois anos.

Nos portos de origem, o algodão americano foi importado ao preço médio de US$ 12,62/@, cerca de 5% mais barato do que o algodão paraguaio (este na fronteira com o Brasil). É bastante conhecido que o algodão americano tem sua produção e exportação subsidiadas, o que confere sua alta competitividade no mercado internacional, apesar ainda das alíquotas de importação estabelecidas no Brasil (TEC).

Neste sentido, o setor produtivo brasileiro junto com o Governo Federal, devem formalizar em breve uma ação reclamatória na OMC, visando uma análise investigativa dos subsídios concedidos aos produtores americanos. Esta ação pretende esclarecer e provar que os subsídios americanos descumprem as regras estabelecidas na Rodada do Uruguai em 1992. O ponto mais prejudicial dos subsídios americanos ao algodão está nas exportações, já que, além de entrar nos mercados importadores a preços abaixo de seus padrões reais, ainda contribui com a queda do mercado internacional.

O recuo das importações de algodão no Brasil e contraditoriamente o respectivo aumento da participação dos EUA na pauta brasileira, demonstram claramente a boa competitividade do algodão americano com o produto do Mercosul. Se comprovada a entrada de produto subsidiado americano no Brasil, com benefícios contrários às normas da OMC, o Governo Federal teria completa liberdade para aumentar as alíquotas de importação (TEC), atualmente vigentes entre 7,5% a 9,5%.

As barreiras contra o algodão subsidiado americano são fundamentais para o desenvolvimento da cotonicultura no Brasil, especialmente na região Nordeste, onde se encontra um dos maiores pólos têxteis industriais do País.

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