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Cresce disputa pelo mercado de café


Empresas mudam estratégia em busca de maior espaço nos grandes centros de consumo. De olho no mercado do Sudeste, o Grupo Santa Clara, com 35% de participação no mercado de café torrado e moído do Nordeste, adquiriu na semana passada a concorrente carioca Pimpinela, indústria de médio porte, fundada há 40 anos e com forte preocupação com a boa qualidade de seu produto. Foi exatamente essa característica que atraiu a atenção dos dirigentes da Santa Clara, segundo informou Pedro Alcântara Rego de Lima, um dos sócios da indústria com sede em Fortaleza. Segundo Lima, já é consenso entre os empresários do setor de torrefação e moagem do café que a expansão dos negócios depende hoje do aprimoramento do produto.

Lima não revela o valor da operação, mas informa que a Pimpinela fatura em torno de R$ 15 milhões por ano, em torno de 5% do que a Santa Clara fatura, em torno de R$ 300 milhões ao ano. A participação no mercado carioca da Pimpinela é de entre 8 e 9% e a capacidade de produção é de mil toneladas ano. O objetivo da Santa Clara é, inicialmente, chegar ao mercado ao Sudeste, para depois ampliar a sua participação com investimentos em capacidade de produção e no melhor aproveitamento da capacidade já instalada.

Lima diz que o Grupo Santa Clara está empenhado em manter o rigor perseguido nas últimas décadas pela Pimpinela, para não perder a clientela tradicional. Mas planeja ampliar esse universo de atuação, sem no entanto comprometer o resultado. O empresário está convencido de que só por meio da oferta de uma melhor sabor e de um aroma apurados do café será possível crescer e tomar espaço da concorrência.

A indústria da torrefação e moagem Santa Clara também foi fundada há 40 anos em Fortaleza. Para atender a pouco mais de um terço do mercado do nordeste, mantém duas unidades industriais, sendo a mais antiga instalada em Fortaleza e a outra, recentemente inaugurada, em Natal (RN).

Adesão do Pão de Açúcar

A crença de que a expansão dos negócios com café depende de uma boa divulgação do produto e do aprimoramento da qualidade oferecida ao consumidor levou o Grupo Pão de Açúcar a firmar convênio com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Marcio Milan, diretor de Comercialização de Commodities da Companhia Brasileira de Distribuição (empresa detentora das bandeiras Pão de Açúcar, Extra, Barateiro e Bom Preço, e Eletro), explicou que o objetivo é de ampliar as vendas do produto e difundir o consumo de um produto de boa qualidade.

O Pão de Açúcar já recorreu ao mesmo expediente para ampliar as vendas de vinho, água mineral e suco de frutas pronto para beber. Esses produtos ganharam espaço especial na loja, com maior exposição, degustação e até a presença de especialistas para orientar os consumidores na escolha da marca. No caso do vinho, a intenção era proporcionar um serviço adicional para os clientes, elevando o status da loja. Com a água mineral, a estratégia era mudar o hábito do consumidor, que só adquiria o produto em distribuidoras e postos de gasolina. Também surtiu efeito a estratégia de divulgação dos sucos, prontos cujo potencial de vendas então se mostrava elevado.

O café, nas lojas Pão de Açúcar, deverá perder o caráter de simples commodity, instrumento de tráfego, como ocorre com o arroz, o feijão, o açúcar e o óleo de soja. Com o novo tratamento, o produto de melhor qualidade deverá proporcionar maior rentabilidade, depois de conquistar um maior respeito por parte da clientela.

Instrumento de marketing

O que os empresários já suspeitavam, a pesquisa encomendada à empresa de pesquisa InterScience confirmou. Há pelo menos 4 milhões de novos consumidores de café a serem conquistados e isso só se dará pela oferta de um bom produto. Esses consumidores em potencial não têm restrições ao produto, mas poderiam beber café com maior freqüência se estimulados pela boa divulgação e pela oferta de uma bebida de aroma e sabor agradáveis.

A pesquisa foi apresentada durante a 11.º Encontro Nacional da Indústria do Café, ocorrido entre os dias 20 e 22, no complexo turístico da Costa de Sauípe (BA). Revelou ainda que uma significativa parcela da população não bebe café por precaução, pois teme prejudicar a saúde. As informações, segundo o médico Darcy Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, são equivocadas. Grande parte da resistência em beber café é incentivada pela classe médica, que transmite conceitos sem fundamento científico.

O diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC). Nestor Osório, informou que o equívoco é mundial e que algumas pesquisas financiadas pela indústria comprovam que, ao contrário da crença popular, o café proporciona benefícios. A OIC, por isso, desenvolve o Programa Café & Saúde, num tentativa de dissipar o preconceito ao café em todo o mundo. Para Osório, essa é uma questão que limita o consumo de café.

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