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Criadores goianos suspendem vendas e anunciam formação de cooperativa


Pecuaristas de todo o Estado vão definir na semana que vem a implementação de uma cooperativa de criadores de gado a ser instalada em Goiânia. A medida é vista como uma alternativa à cartelização promovida pelos frigoríficos, denunciada pelas entidades representativas do setor, encabeçadas pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Segundo o presidente da Federação da Agicultura do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, a proposta visa aproximar o pecuarista do consumidor final, dando àquele maior independência sobre o controle de preços estabelecido pelas grandes empresas do ramo.

Ele acrescenta que na última quarta-feira o Conselho do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) aprovou por unanimidade a proposta de priorizar investimentos para grupos de pecuaristas. Segundo Caixeta, a medida, além de estimular os criadores, “pode fazer com que os pecuaristas saiam das porteiras de suas fazendas e sejam donos dos próprios negócios.”

Ontem, mais uma vez foi deflagrada mensagem de repúdio ao que foi qualificado como “ditadura dos frigoríficos”. As entidades convocam pecuaristas a suspender por 30 dias a entrega de bois aos frigoríficos.

A acusação dos criadores é de que as grandes empresas do setor – as quais dizem controlar 90% das exportações brasileiras de carne – impuseram seus preços desde o mês passado.

Eles denunciam que os frigoríficos reduziram o preço da arroba de R$ 60 para R$ 52, o que diminuiu a renda do pequeno criador. Segundo Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os frigoríficos negam que estejam praticando cartel, embora documentos assinados pelas próprias empresas constatem a existência de tabelamento.

O reportagem entrou em contato com a Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrifrigo) mas não obteve retorno até o fechamento da edição. Tentou também falar com o Sindicato das Indústrias da Carnes e Derivados e foi informada de que seu presidente, José Magno Pato, não estava em Goiânia e que não havia ninguém que pudesse responder pela entidade.

Varejo – O presidente do Sindicato Varejista de Carne Fresca do Estado de Goiás (SindAçougue), Francisco Álvares, entretanto, já havia contestado as acusações de cartelização do setor. Ele acusa os próprios pecuaristas de terem segurado a venda do boi no final do primeiro semestre do ano passado.

Em julho do ano passado, Francisco explica que a arroba era cotada em R$ 60, preço considerado baixo pelos criadores, que esperavam que a cotação aumentasse dentro de alguns meses.

Cenário – Com o cenário inalterado, Francisco afirma que os pecuaristas se viram obrigados a vender seu gado, o que ocasionou superabastecimento do mercado. Diante da alta procura, os preços foram forçados a diminuir no varejo.

“Pelo excesso de animal confinado, o pecuarista não tem como vender o boi a preços altos”, considera.

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