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Crise acentua concentração da indústria do etanol

Desde meados desta década, os estrangeiros estão investindo na construção de usinas e aquisição de indústrias para produção de etanol e na compra de terras para plantio de cana-de-açúcar


De janeiro de 2007 a junho deste ano, o Brasil recebeu mais de US$ 3,5 bilhões de investimentos estrangeiros diretos para produção de derivados de petróleo e de biocombustíveis. Segundo o Banco Central, a maior parte dos recursos (US$ 3,1 bilhões, 90% do total) foi aplicada em investimentos na indústria do etanol.

Desde meados desta década, os estrangeiros estão investindo na construção de usinas e aquisição de indústrias para produção de etanol e na compra de terras para plantio de cana-de-açúcar.

De acordo com a professora Míriam Bacchi, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ligada à USP (Esalq), isso ocorreu num momento de euforia, de preços muito bons para o setor. ""Isso atraiu o capital estrangeiro diretamente comprando usinas ou parte delas ou através de fundos que também são acionistas de algumas usinas.""

A falta de crédito causada pela crise financeira mundial acentuou a tendência de internacionalização, aponta José Ricardo Severo, assessor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, 50 usinas (em um universo de 417 unidades) estão em negociação para venda a estrangeiros. A participação estrangeira no setor cresceu em cinco anos de 5% a 13%.

""Muitas empresas, por falta de capital de giro, de recurso e de financiamento, estão vendendo álcool a preço muito baixo. Isso vai se transformando em uma bola de neve, com as indústrias entrando em um circuito de endividamento. Vai chegar um momento em que vão ficar sem capital e sem ter como funcionar. Quem está tendo dinheiro hoje são as empresas internacionais.""

Para a professora, há vantagens e desvantagens no processo de concentração: ""Por um lado, (o processo) pode levar à redução de custos com a economia de escala e a economia de escopo (administração única). Por outro lado, a concentração pode levar a um maior poder do mercado e preços maiores"".

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