CI

Crise do café afeta 25 milhões de famílias


Os benefícios do café à saúde são usados como instrumento de marketing pelos produtores de café do Vietnã, numa tentativa de elevar os preços, em queda há quase quatro anos. Segundo afirmam, o consumo de café alivia a asma, ajuda a acalmar crianças hiperativas e protege contra doenças como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson.

Essas propriedades do café foram propagadas por Diego Pizano, da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, durante a Conferência para o Desenvolvimento Sustentável da Indústria do Café, promovido esta semana pela Associação Cafeeira e de Cacau do Vietnã e a Organização para a Cooperação Técnica, da Alemanha.

A crise do mercado de café foi desencadeada pelo excesso de oferta do produto no mercado internacional. A produção aumenta a um ritmo de 4% ao ano desde a década de noventa, provocada principalmente por Brasil e Vietnã. A crise arruinou milhões de camponeses, pois cerca de 25 milhões de famílias em 50 países vivem de seu cultivo. Segundo o Banco Mundial, o preço do café, o segundo produto em volume de comércio no mundo - só perde para o petróleo - teve a maior queda registrada por qualquer produto em um século.

Grande parte do ônus da crise recaiu sobre a América Latina, onde cerca de 600.000 pessoas perderam seus empregos. A organização não-governamental britânica Oxfam mostrou o exemplo de um agricultor vietnamita que recebe US$ 0,36 por quilo de café, enquanto nos Estados Unidos, que consomem 20% da produção mundial, são pagos 16 dólares pela mesma quantidade.

A Oxfam, e outras ONGs, promove iniciativas como o "Fair Trade Coffe", por meio das quais são oferecidas garantias de preços aos produtores, enquanto os consumidores recebem a garantia de que o produto foi obtido em condições justas. A conferência em Hanói tratou também de promover o "Código Comum para a Comunidade Cafeeira" ou iniciativa "4C", que propõe medidas de ajuda para os produtores saírem da crise e os consumidores valorizarem o café que tomam.

O código propõe que produtores certifiquem seus métodos de cultivo, que devem ser sustentáveis tanto em relação ao meio ambiente como socialmente. A qualidade não deve se limitar ao produto, mas à produção.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.