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Cultivo de gergelim esbarra na comercialização

Produtores mato-grossenses lançam mão da cultura como opção para a safrinha


Há 8 anos cultivando gergelim em Canarana, a cerca de 800 quilômetros de Cuiabá, o produtor Erlei Cibertti conta que escolheu a cultura como uma opção de safrinha, mas confessa que tem dificuldade de comercializar o produto. Ele mantém o plantio para não perder a semente. “Aqui na região não há interesse de outros produtores em função da dificuldade de comercialização”. Erlei é o único na região que tem sementes para vender.


Assim como ele, o produtor José Martins também utiliza o gergelim como safrinha e também tem dificuldades de comercializar o produto. Segundo José, não problemas com doenças e pragas na lavoura e a produtividade é boa. O gergelim pode ser utilizado para rotação de culturas com o milho e com o algodão. É também uma opção para os pequenos produtores e assentados.

Em Primavera do Leste e em outros municípios mato-grossenses também há produtores testando o cultivo de gergelim. Com o objetivo de divulgar a produção, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem apresentado uma série de tecnologias disponíveis. A pesquisadora da Embrapa Algodão, Nair Helena Castro Arriel, explica que como o gergelim tem ciclo curto, ou seja, em torno de 90 a 100 dias, pode ser uma boa alternativa para a safrinha.

A cultura aproveita a umidade do solo e os resíduos de adubação deixados pelo algodão ou pela soja. “Por ser  tolerante à seca, deve ser plantado em fevereiro ou março para que a colheita seja feita num período totalmente seco, evitando assim, que a umidade prejudique a qualidade da semente”.

Nair destaca ainda que por ser uma oleaginosa, o gergelim pode entrar no programa de incentivo do biodiesel. Entretanto, atualmente a produção tem se destinado principalmente à alimentação humana, sobretudo em panificações e produção de óleo vegetal. “Na região Nordeste o uso é mais alimentar, pois a produção é em pequena escala. Já no mercado do Centro-Oeste, onde a produção é feita em maior escala, além da panificação e da alimentação, o gergelim serve para a extração de óleo”.


Para viabilizar o plantio em áreas mais extensas, a equipe da Embrapa Algodão trabalha no desenvolvimento de variedades adaptadas ao clima da região e ao cultivo mecanizado. Para isso lançou a cultivar BRS Seda, que tem alta produtividade, com 1500 a 2000 quilos por hectare. Outra cultivar disponível é a BRS Seda e a G4.

Conheça mais

Clima - Considerado planta tropical e subtropical, o gergelim gosta de clima mais ameno.

Plantio - Deve ser propagado, comercialmente, por sementes que deves ser lançadas em solo bem preparado com o intuito de facilitar a emergência das plantas, promover estabelecimento rápido e evitar a competição de ervas. Em Mato Grosso o plantio pode ser feito a partir de janeiro ou assim que começarem as chuvas.

Pragas - Lagarta enroladeira é a principal praga da cultura. As saúvas, cigarrinhas verde, vaquinhas amarelas e pulgões também são comuns nas lavouras.

Doenças - A mancha angular é uma das principais causas de prejuízos à planta. A podridão negra do caule, murcha de fusario, virose e a filoidia também são motivo de preocupação para os produtores de gergelim.

Uso - É muito usado na confecção de balas e torrões, saladas e na gastronomia japonesa. A torta, que é um subproduto da extração do óleo é destinada à alimentação dos homens e dos animais domésticos.

História - O gergelim chegou ao Brasil com os portugueses, mas sua origem é desconhecida. Há muitas teorias, a mais forte indica o continente asiático como berço do produto. Cultivado desde a antiguidade, tem inúmeras aplicações na culinária ou na medicina natural. É rico em vitaminas A, B e C, além ter propriedades minerais como cálcio, ferro e fósforo. Também é da semente do gergelim que se produz uma manteiga exótica, o tahine, muito consumida pelos árabes. O gergelim preto é amplamente utilizado na culinária macrobiótica, no composto conhecido como gersal. Entre as virtudes do gersal destacam-se o combate à acidez do sangue, aumentando a atividade

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