CI

Curso capacita assentados em Confresa (MT) para produção de mudas

Cerca de 50 pessoas participaram do curso que foi a segunda reunião do grupo


Entre os dias 12 e 16 de dezembro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária promoveu, em Confresa, no nordeste de Mato Grosso, o I Curso de Colheita de Sementes e Produção de Mudas de Espécies Florestais. A atividade faz parte do projeto Amazônia Nativa, feito em parceira com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e visa recuperar áreas de reserva legal por meio da capacitação de beneficiários da Reforma Agrária como coletores de sementes e produtores de mudas de espécies nativas.

Cerca de 50 pessoas participaram do curso que foi a segunda reunião do grupo. Anteriormente, em julho, houve um workshop de sensibilização para o projeto. Desta vez, a programação buscou aprofundar em temas como ecologia florestal, fenologia, tipos de sementes, beneficiamento e armazenamento de sementes, quebra de dormência e produção de mudas. Além disso, durante os cinco dias de capacitação, os participantes desenvolveram atividades práticas sobre quebra de dormência, produção de mudas e técnicas de escalada em árvore.

Sob orientação do instrutor Dirceu de Souza, do Instituto Florestal de São Paulo, os alunos tiveram as primeiras instruções sobre as técnicas de alpinismo e rapel e sobre a técnica de escalada de árvores utilizando cinto de segurança e esporas. Na sequência, puderam fazer as primeiras práticas.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Naomi Vianna Leão, o objetivo desta prática foi fazer com que todos tenham conhecimentos básicos sobre os processos e, que mesmo que não se tornem escaladores, possam auxiliar nas equipes de coleta de sementes.

“Eles precisam entender todo o processo, têm de conhecer o todo. Mas certamente alguns têm maiores habilidades ou para produção de mudas ou para colher sementes. Posteriormente, iremos identificar quem serão os escaladores, os coletores de sementes e aquelas pessoas que vão trabalhar nos viveiros”, explica a pesquisadora.

O agricultor Sebastião Coutinho de Freitas já realiza coleta de alguns tipos de sementes de espécies nativas, porém não conhecia as técnicas de escalada vistas no curso. Segundo ele, estes novos métodos proporcionam maior segurança à atividade.

“Eu subo na peia (equipamento feito com cordas). Não tem a mesma segurança que o rapel e a espora. Ela pode escapar e você não tem mais como calçar. Ai fica só no braço mesmo”, disse.

Com 58 anos, a agricultora Valdiva de Oliveira e Silva também participou das atividades práticas e aprendeu as técnicas de escalada em árvores. Porém já decidiu que seu papel nas equipes de coleta de sementes não será o de escaladora.

“Pelo que estou vendo, vou coletar semente no chão! Mas tenho competência para acompanhar a equipe, ajudar no que for possível. Colher fruto no chão, beneficiar as sementes e cuidar do viveiro”, disse a agricultura que já produz mudas de espécies frutíferas em sua propriedade.

Alternativa de renda

Segundo o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, além de buscar a recuperação de áreas de reserva legal com o plantio das mudas produzidas, o projeto Amazônia Nativa também visa possibilitar novas perspectivas de renda para os beneficiários da Reforma Agrária, o que anima os participantes da capacitação.

“É uma boa perspectiva e uma boa possibilidade de renda”, afirma Júnior Maciel Lins, que já pensa em coletar sementes na propriedade de seus pais.
A agricultora e professora, Sebastiana de Souza, ainda ressalta outros benefícios da coleta de sementes de espécies nativas.

“A coleta de sementes vai favorecer também para que o homem do campo permaneça lá. Ele tendo a possibilidade de fazer esta coleta de sementes e vendê-las para agregar renda para ele, ele não vai querer sair dali. Isso vai passar de geração para geração e diminuirá o êxodo rural na região”, avalia.
Viveiros

O projeto Amazônia Nativa prevê a instalação de 12 viveiros satélite em pontos chave do município de Confresa, como escolas e associações de moradores. Destes, dez já estão instalados, sendo que alguns, no entanto, ainda aguardam a perfuração de poços artesianos para entrarem em pleno funcionamento.

Além disso, será instalado, dentro do Instituto Federal de Mato Grosso, em Confresa, um viveiro referencial. Este terá maior capacidade de produção, com 200 mil mudas/ano contra 50 mil mudas/ano dos satélites, e ainda contará com uma estrutura para armazenamento de sementes.

“A nossa meta para 2012, sair daqui com toda a infraestrutura instalada e o pessoal capacitado para andar com as próprias pernas”, afirma Ingo Isernhagen.

Continuidade

O segundo módulo do Curso de Colheita de Sementes e Produção de Mudas de Espécies Florestais está previsto para março e irá aprofundar as técnicas de escalada e coleta de sementes e abordar os aspectos legais para o credenciamento dos participantes como coletores de sementes e produtores de mudas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em Confresa, o projeto Amazônia Nativa conta com apoio da Prefeitura de Confresa, Sebrae e Ministério do Desenvolvimento Social.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.