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Da erosão à preservação: Rio Rural incentiva conservação do solo no Noroeste Fluminense

Segundo produtores, lavouras cresceram melhor com a utilização de canais de contenção e caixas secas em Porciúncula


Segundo produtores, lavouras cresceram melhor com a utilização de canais de contenção e caixas secas em Porciúncula

A região montanhosa é um dos principais fatores para o sucesso do café do Noroeste Fluminense, já que a altitude favorece o cultivo, mas o relevo elevado também traz desafios aos produtores. Quanto mais inclinado o terreno, maior é a chance de haver erosão, pois a chuva desce com rapidez e deforma o solo. Com incentivos do Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura do Rio de Janeiro, produtores do município de Porciúncula estão investindo na adoção de práticas simples, econômicas e que dão destino produtivo para a água de chuva, evitando perdas no cultivo do café: as caixas secas e os canais de contenção.

Apesar do nome lembrar um recipiente, as caixas secas (ou caixas de captação) são escavações no solo que ajudam na infiltração de água e consequente abastecimento do lençol freático.

- Assim que uma enche, a água vai escorrendo para a outra, pois estão em alturas diferentes - conta a técnica da Emater-Rio, Kênya França, executora do Rio Rural na microbacia Caeté.

De acordo com o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, a técnica faz parte do enfrentamento da escassez hídrica a longo prazo.

- O incentivo do Rio Rural permite a recarga das reservas naturais de água, o que vai aumentar a oferta desse recurso tão importante para a agricultura - explicou Áureo.

O cafeicultor Erly Corrêia de Sá, da microbacia Córrego Perdição, recebeu recursos para construir sete caixas secas. Após a implantação delas, notou que as ramas e flores cresceram com mais vigor.

- Isso me traz boa expectativa para a próxima safra, que espero ser maior do que as atuais 35 sacas - revela. O tamanho das caixas é definido de acordo com o volume de água, o tipo de solo e a inclinação do terreno. Em média, a construção de sete caixas fica abaixo de R$ 3 mil.

Já no sítio do produtor Magno Figueira, onde o solo começou a apresentar sinais de degradação leve, os técnicos da Emater-Rio, em Porciúncula, indicaram a construção de canais de contenção, projetados para o escorrimento gradual da água, como se fossem caminhos.

- Não conhecia a técnica e estou gostando. Sem contar que ajudamos a conservar o meio ambiente - defende.

Ainda de acordo com Kênya França, as caixas e os canais ajudam a manter a umidade no terreno, impedindo a perda de nutrientes e matéria orgânica, retirados durante a erosão. Além disso, fortalecem a vazão de nascentes e, ao diminuírem a queda de barrancos, conservam as estradas rurais e afastam o risco de assoreamento dos córregos.

Renovação verde

De acordo com dados do Instituto SOS Mata Atlântica, o Noroeste Fluminense é a região com maior índice de degradação do meio ambiente no estado do Rio, com apenas 3% da vegetação nativa preservadas.

De acordo com o supervisor da Emater-Rio em Porciúncula, Flávio Gonçalves de Souza, os terrenos acidentados e a superlotação bovina prejudicaram o solo durante muitas décadas.

- Técnicas ambientalmente sustentáveis, como as caixas secas e os canais de contenção, ajudam a inverter a lógica da degradação - conclui.

Porciúncula tem mais de 30 projetos de construção de canais de contenção e caixas secas, a maioria deles em lavouras de café, base da economia local. 

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