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Demanda de café cresce apenas 10% no inverno


Aumento de consumo e lentidão na comercialização da safra brasileira impulsiona preços. O aumento da demanda de café no inverno brasileiro deste ano está estimado em 10%, volume inferior à média histórica de 15% para o período, mas melhor que o desempenho do ano passado, quando a maior parte das indústrias obteve aumento de apenas 5% no período. O registro de temperaturas em patamares mais elevados que os previstos no início do ano está inibindo a demanda por parte das torrefadoras instaladas, em especial, nas regiões Sul e Sudeste.

O aumento da demanda aliado a lentidão na comercialização da safra impulsionou os preços do grão, que subiram, em média, 5% na última semana no mercado interno, com a saca de café fino à extra-fino cotada, ontem, a R$ 180,00, em comparação com os R$ 170,00/R$ 172,00 da semana anterior, e o produto de boa qualidade negociado a R$ 175,00, em comparação com os R$ 165,00/R$ 168,00 praticados no dia 28 de julho. A lentidão da colheita se deve ao fato de que parte dos cafeicultores já custeou a safra e, por este motivo, não tem pressa na venda da produção.

"Como até outubro o único fornecedor do mercado mundial é o Brasil, a tendência é de que os produtores retenham a oferta, na aposta de altos preços", avalia Gil Barabach, analista da empresa de consultoria Safras & Mercado.Segundo a Safras, 76% da safra brasileira foi colhida até o dia 1 de agosto. "Estamos na reta final da colheita, que deve ser concluída ainda este mês", diz Barabach. Em Minas Gerais, 68% da safra foi colhida, índice que chega a 94% no estado do Espírito Santo e atinge 65% em São Paulo.

Entre os meses de junho, julho e agosto é comum que a demanda cresça nas regiões Sul e Sudeste, que respondem por 65% do consumo mensal do Brasil, avaliado em 1,1 milhão de sacas de 60 quilos. Estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), indicam que a demanda nestas regiões deve alcançar 786,5 mil sacas por mês neste inverno. Nas regiões Norte e Nordeste a demanda permanecerá estável em 385 mil sacas mensais. "Com o registro de inverno ameno o aumento da demanda deve se aproximar de 10% nas regiões onde o frio é mais intenso, a exemplo do Sul e Sudeste do Brasil. A situação, no entanto, é melhor que a do ano passado, quando o setor vivenciou um período dramático devido o inverno excessivamente quente", diz Nathan Herszkowicz, diretor da Abic. Ele ressalta, entretanto, que o aumento das vendas não significará para a indústria aumento de margem de lucro. "O setor continuará com margens apertadas e a comercialização de cafés especiais e as exportações são as alternativas que atualmente ajudam a elevar o lucro da indústria", diz.

A Companhia Cacique de Café Solúvel, que registrou aumento de 10% nas vendas entre maio e julho, em comparação com os 5% apurados em igual período do ano passado, acredita que a tendência de alta deve prejudicar as margens da indústria. São quase 70 dias sem registro de chuvas nas regiões produtoras, o dólar se recuperando e a demanda do mercado internacional aquecida. É praticamente impossível segurar o aumento dos preços no mercado interno, que mais cedo ou mais tarde chegarão ao varejo,"Como o varejo também está desaquecido, as margens da indústria serão,mais uma vez, comprometidas", diz Márcio Pereira, gerente de marketing da Cacique.

Outra empresa que registrou aumento de vendas durante o inverno foi a Café Santa Clara. Com foco nos mercados do Norte e Nordeste, onde é líder de vendas, a Santa Clara, produz café para as redes de supermercados Pão de Açúcar, Extra e Barateiro, empresas da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). "As projeções iniciais eram de alta de 15%, mas o inverno quente possibilitou aumento de apenas 10%", diz Vicente Lima, diretor da Café Santa Clara.

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