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Descapitalização de pecuaristas freia investimentos

Além disso, a descrença em melhores preços também esfriaram as vendas em 2006


A intensificação dos processos de implantação e reforma das pastagens e do plantio da safra-verão, em outubro, costuma provocar o aquecimento das vendas de insumos agrícolas. No entanto, a descapitalização e a descrença do pecuarista em melhores preços esfriaram as vendas este ano, evitando maiores aumentos dos custos de produção, quando comparado aos anos anteriores. Tanto o Custo Operacional Total (COT), quanto o Custo Operacional Efetivo (COE), em outubro, tiveram aumentos semelhantes. Na média dos nove Estados da pesquisa, o COT e o COE tiveram ligeira alta de 0,11% e 0,18%, respectivamente.

Entre os Estados acompanhados mensalmente, o maior aumento do custo de produção foi de 0,55% para o COE e 0,52% para o COT, ambos no Mato Grosso. Em Rondônia, ao contrário, constatam-se as maiores reduções nos custos - o COE caiu 0,37% e o COT, 1,1%. Entretanto, quando a análise se estende por um período maior, comparando os custos de produção da carne com a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), que mensura o comportamento dos preços gerais da economia, constata-se que a situação do pecuarista está piorando. No acumulado deste ano, o COE aumentou 6,61% e o COT, 5,22% na média Brasil, ao passo que o IGP-M acumula apenas 2,75%.

A receita do pecuarista de engorda continuou aumentando em outubro, aliviando a contabilidade do produtor. Na média da pesquisa, a arroba do boi gordo valorizou 4,6% frente a setembro. O momento de entressafra forçou os frigoríficos a aumentarem os valores pagos, já que as escalas de abate estavam curtas. O maior aumento foi verificado em Rondônia, onde a arroba valorizou 8,6%. O Rio Grande do Sul, ao contrário, foi o único Estado onde houve desvalorização de 1% frente a setembro. É importante frisar que, mesmo com a desvalorização da arroba ao produtor gaúcho, os patamares de preços neste Estado ainda são um dos maiores do Brasil.

Mas o momento de euforia vivida pelos pecuaristas, com a arroba do boi gordo acima dos R$ 60,00 em alguns Estados, não pode ser entendido como o fim do período de vacas magras. Já na segunda quinzena de outubro, esses patamares começaram a cair com a oferta de animais gordos, superando a procura. Mesmo considerando o aumento registrado nas primeiras semanas do mês, a média de São Paulo, em outubro, é semelhante aos valores recebidos pelo produtor paulista em novembro de 2004, sem descontar a inflação.

Em relação aos insumos com maior representatividade nos custos da pecuária, de setembro para outubro, o grupo de combustíveis e lubrificante e também o de máquinas e implementos agrícolas foram os principais responsáveis pelo encarecimento da produção, com o aumento de 0,2% e 0,3% respectivamente. As maiores elevações em termos absolutos se deram para as sementes de sorgo e milho, grãos que compõem o grupo das dietas, que tiveram os preços elevados em 2,2%, e para as sementes de forrageiras, com reajustes de 2,8% na média dos nove Estados.

Os aumentos do custo da pecuária foram limitados principalmente pela suplementação mineral, que teve seus preços reduzidos em quase todos os Estados. Somente em São Paulo, houve aumento de 0,46% desse insumo e, em Rondônia, o preço seguiu estável. Na média dos nove Estados da pesquisa, os preços da suplementação caíram 0,55%, de setembro para outubro.

Com o início do período de recuperação das pastagens, a procura por bezerros tende a aumentar. Em Rondônia, a reposição de animais continuou aquecida e a valorização de bezerro desmamado chegou a 3,7% frente a setembro. Em sentido contrário, o maior recuo foi observado em Minas Gerais, onde o preço caiu 3,3%.

No Rio Grande do Sul, vários grupos de insumos utilizados principalmente nas lavouras de milho para silagem tiveram aumentos expressivos. No caso dos defensivos agrícolas, a valorização foi de 9%; os insumos para dieta subiram 5,6% e adubos e corretivos, 2,2% frente a setembro. Esses aumentos no Estado podem ter sido causados pelo plantio e replantio das áreas atingidas pela geada no mês de setembro, o que aumentou a demanda por insumos na safra verão. O Rio Grande do Sul é um dos primeiros Estados a iniciar o plantio de milho na safra de verão.

O pecuarista de Minas Gerais que comprou algum item do grupo dos insumos para construção, como arames e mourões, conseguiu melhores condições que em setembro. A diminuição dos preços no Estado foi de 2,2%, em outubro. Ao mesmo tempo, chamou a atenção a redução de 8,7% dos insumos para a reprodução (sêmen) em Rondônia.

Os conflitos no Oriente Médio têm favorecido a valorização do petróleo. A análise da evolução dos preços de combustíveis e lubrificantes, nas regiões produtoras de boi, permite a constatação que, após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, o aumento desse grupo de insumos foi de 28,4%. Em outubro, o reajuste médio foi de 0,22%. Vale notar que declarações da diretoria da Petrobrás, em meados de novembro, sinalizavam estabilidade, em médio prazo, dos combustíveis fósseis no Brasil, independentemente das oscilações internacionais.

Campeão em aumentos: O Estado de Rondônia lidera os aumentos acumulados ao longo desta pesquisa, iniciada em junho de 2003. Até outubro, o encarecimento da produção no Estado chegava a 50%. Ao analisar os principais culpados por esta lamentável evolução, se encontra os grupos dos insumos envolvidos na formação da fazenda, como itens para construção, construções e benfeitorias, máquinas e implementos agrícolas e formação de pastagens.

O menor aumento do custo de produção foi observado em Goiás, onde o acumulado da pesquisa foi de 17%. A análise da média ponderada dos nove Estados acompanhados mensalmente, mostra que o aumento do custo foi de 27,35%. As informações são da assessoria de imprensa da CNA.

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