Desertificação atinge 7% do Cerrado
Degradação do solo afetou 7,5 mil hectares em Goiás em 20 anos e situação é preocupante no Sudoeste
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O Cerrado já tem 7% de sua área atingida pela desertificação e há risco desse índice dobrar, chegando a 14,4%. O processo de desertificação no ecossistema é muito mais acelerado do que no Rio Grande do Sul, por exemplo. Enquanto que naquele Estado causas geológicas e antrópicas (ação do homem) desertificaram, em 20 mil anos, cerca de 6,5 mil hectares, em Goiás, em 20 anos, o problema já envolveu aproximadamente 7,5 mil hectares. O Sudoeste goiano, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são as regiões mais preocupantes.
As causas apontadas para a degradação do solo são o desmatamento intensivo e indiscrimado, o sobrepastoreio, cultivo acima da capacidade de uso, irrigação inadequada e práticas conservacionistas mal dimensionadas. Além de afetar o sistema produtivo, a desertificação reduz a taxa de infiltração de água para o lençol freático.
As conclusões fazem parte de tese de doutorado defendida no dia 25 de maio por Erides Campos Antunes, na Universidade Federal de Goiás (UFG). O trabalho foi divulgado nessa segunda-feira (05-06) pela professora titular do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), da UFG, Selma Simões de Castro, em evento no Palácio Pedro Ludovico em comemoração ao Dia Internacional do Meio Ambiente. O estudo, apresentado pela primeira vez fora do circuito acadêmico, mostra o processo de arenização no Sudoeste goiano, o primeiro passo para a desertificação, e alternativas para a recuperação das áreas degradadas.
Serranópolis é mostrado na tese de doutorado como o município que merece maior e imediata atenção das autoridades ambientais, embora Mineiros e Jataí também já apresentem acelerados processos de arenização. Uma situação que atinge o principal rio goiano, o Araguaia, cuja nascente fica na região. De acordo com o estudo de Erides Campos Antunes, em 1.515 quilômetros do rio foram encontradas 92 voçorocas, cuja recuperação exigiria hoje um preço médio de R$ 5 milhões, para cada uma.
Além defender a implantação urgente de políticas públicas por parte dos governos municipais, estadual e federal, Selma Simões de Castro alertou para a necessidade dos conselhos de meio ambiente e de recursos hídricos definirem ações de estímulo à recuperação de áreas degradadas, além de assumir o papel técnico nos planos de manejos. Entre as alternativas apresentadas está a silvicultura que poderia, em cinco anos, apresentar bons resultados com o plantio de espécies do Cerrado consorciadas com outras estranhas ao ecossistema e gramíneas.
Licenciamento
A apresentação do processo de desertificação do Cerrado foi uma das ações programadas pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) no Dia Internacional do Meio Ambiente. A secretaria também anunciou a proposta de descentralização do licenciamento ambiental. O titular da Semarh, José de Paula Moraes Filho, representando o governador Alcides Rodrigues, explicou que o objetivo é fazer com que os municípios assumam a parte que lhes cabe nas políticas públicas para o meio ambiente e evitar que interessados se desloquem até a capital com esse objetivo.
A proposta foi analisada nessa segunda-feira na primeira reunião conjunta dos Conselhos Estaduais do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos, que vão estabelecer critérios e elaborar a instrução normativa. O objetivo é repassar aos municípios a responsabilidade na emissão de licenças ambientais e, com isso, o recebimento das taxas desse serviço, gerando receita.