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Diminui ritmo de declínio no mercado de rações

Redução de base tecnológica pode afetar produtividade, diz Ariovaldo Zanni


O mercado brasileiro de nutrição animal registrou no primeiro semestre demanda total de 27,4 milhões de toneladas, volume 3,8% menor que o apurado no mesmo período de 2008, segundo dados apurados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Mesmo com o recuo, a entidade mantém projeção de aumento de 5% na movimentação neste ano.

O declínio também mostra que o impacto da crise sobre a indústria começou a perder força nos meses mais recentes. No primeiro quadrimestre, a queda da demanda havia sido de 5,9% na comparação com o intervalo entre janeiro e abril de 2008, para 17,6 milhões de toneladas. "Alguns segmentos mostraram melhoria nos últimos dois meses. Em outros, essa melhora ocorreu apenas a partir de julho e não aparecem nos dados do primeiro semestre", diz Ariovaldo Zanni, diretor-executivo do Sindirações.

No segmento de rações para avicultura, o mais importante para as indústrias de nutrição animal do país, o recuo do volume foi de 3,4%, para 12,7 milhões de toneladas. Apesar da queda, há bons indícios para a segunda metade do ano - alguns deles sustentam a projeção do Sindirações de crescimento no ano. "Esperava-se que o alojamento de pintinhos caísse muito, mas ele se manteve no mesmo nível em que estava no ano passado", afirma Zanni.

Motivo a lamentar, contudo, é a queda do consumo de produtos de maior valor agregado. O segmento de premix - compostos nutricionais formados por vitaminas e aminoácidos, entre outros produtos - recuou 8% na primeira metade do ano. "Isso pode ter um efeito mais à frente. A produtividade pode cair por causa da redução da base tecnológica", argumenta o dirigente.

A redução da base tecnológica deve ratificar o prognóstico de queda no faturamento total do setor - em 2008, o setor registrou receita de US$ 16 bilhões. A queda da receita das fabricantes em dólar também deverá ocorrer em virtude da valorização do real.

Ainda que abatido pela crise econômica, o setor de nutrição animal não viveu exclusivamente quedas generalizadas no primeiro semestre. A demanda no segmento voltado à aquicultura cresceu 10% no período, para 190 mil toneladas. "Este setor tem crescido muito", atesta Nilton Ribera Perez, presidente da Evialis.

A empresa, a maior do segmento de nutrição animal do país, intensificou, a partir de 2008, um processo de diversificação de suas frente de atuação. Ela reforçou sua presença no segmento de animais de companhia e pretende sustentar em 20% a fatia de vendas de ração para peixe e camarão. A empresa concluiu em 2008 a compra das operações de nutrição animal da Cargill.

A indústria de rações imaginava, no início do ano, que 2009 fosse ser desastroso, argumenta José Leandro Bruzeguez, diretor de nutrição e formulação da Poli-Nutri. "Não foi ruim como se previa", afirma. "Os dados sobre emprego no país estão melhores. Vai ser essencial sabermos como se comportarão as exportações [de carne] daqui para a frente".

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