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Dispara o custo de leite ao produtor


Os produtores de leite perderam renda no primeiro semestre do ano, segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Isto porque apesar do aumento do preço pago ao pecuarista, ele arcou com custos de produção mais elevados. De janeiro a junho deste ano, os valores pagos pelo leite foram reajustados em 12,9%, passando de R$ 0,44 para R$ 0,49. Comparado com o ano passado, a elevação do preço foi de 26,9%. No entanto, os custos de produção subiram muito mais do que isso. Tendo como base junho de 2002, por exemplo, houve reajuste de 36,75% no valor do farelo de soja, 38,41% na silagem de milho e 35,78% no sal mineral, usados na alimentação animal (os gastos deste item representam entre 30% e 50% do custo total).

Além disso, na entressafra – que vai de maio e outubro – há maior dispêndio na alimentação bovina. Nesta época do ano, o gasto é até 107% superior por litro produzido. "Certamente o produtor está perdendo renda", afirma Marcelo Costa Martins, assessor da CNA. Ele salienta que enquanto os preços ao produtor aumentaram 12,9%, no atacado a variação foi de 15,4%, e ao consumidor foi 18,8%, desde o início do ano.

A grande preocupação da CNA é quanto ao desestímulo à produção, uma vez que os preços dos insumos estão subindo mais que os do valor pago pelo leite. Segundo Martins, isto está fazendo com que muitos produtores passem a trabalhar com animais mais rústicos para reduzirem os gastos, o que a longo prazo representará perda do potencial produtivo do rebanho. Em 60 propriedades analisadas em Goiás, 80% dos pecuaristas estão cruzando gado girolando (leiteiro) com nelore (de corte) para ter um macho com preço melhor e, ao mesmo tempo, uma cria com custo menor. Para estancar este processo, a CNA está solicitando ao governo a criação de uma linha de financiamento para a retenção de matriz leiteira. Desta forma, o pecuarista teria R$ 50 mil de crédito, independente de outros empréstimos tomados, a juros de 8,75% ao ano, tendo os animais como garantia. Um levantamento da CNA junto aos produtores mostrou que 54% da classe gostaria de ter este tipo de crédito. Uma reunião no Ministério da Agricultura está marcada para o próximo dia 21 para discutir o assunto. Como o Brasil está na entressafra, não há possibilidade de redução de preços. No mercado internacional as cotações também estão altas (US$ 1.750 a tonelada), o que inibe a importação, em queda de 28,9% desde janeiro.

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