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Dreyfus acelera sua expansão no Brasil


O grupo francês Louis Dreyfus, que no Brasil controla a Coinbra, está privilegiando seus investimentos no país. É verdade que o mercado brasileiro sempre foi considerado estratégico pela multinacional, dona de um faturamento global anual da ordem de US$ 20 bilhões. Mas é inegável que, nos últimos 18 meses, o que era estratégico tornou-se capital.

Além de iniciar a construção de uma nova unidade de processamento de soja, a primeira no Mato Grosso, a Coinbra vai dobrar o esmagamento em Ponta Grossa (PR) e Jataí (GO). Também está estreando no processamento de café solúvel no Brasil e negocia a compra de duas usinas de açúcar. E, cautelosamente, está acertando as bases para o arrendamento, com opção de compra, do frigorífico Chapecó.

A maior agressividade no mercado brasileiro decorre, em grande medida, do bom momento dos agronegócios no país, diz Kenneth Geld, presidente da Coinbra. "O grupo privilegiou o Brasil nos últimos 18 meses porque houve, nesse período, a reafirmação do modelo exportador do país". Segundo ele, as oportunidades na área de exportação tornaram-se mais nítidas, o que não ocorria quando o câmbio estava sobrevalorizado. E acrescenta: "Mesmo as incertezas geradas no período eleitoral não abalaram a confiança no Brasil".

Mas um ponto fundamental para os investimentos do grupo francês, que está há 60 anos no país, são as vantagens competitivas dos produtos do agronegócio brasileiro. "O grupo tem tido bons resultados no Brasil em áreas em que o país é competitivo". Geld lembra que essa competitividade se deve, em boa parte, ao aumento da produção agrícola nas últimas safras. E foi exatamente a soja, o item mais importante no faturamento da empresa no Brasil, que mais avançou nas últimas temporadas.

Com o vento a favor, Geld informa que os investimentos da Coinbra no Brasil devem somar R$ 230 milhões entre 2002 e 2003, montante superior ao de todos os outros países em que a empresa atua. O total inclui a construção da nova esmagadora de Alto Araguaia (MT), que começa a processar soja em fevereiro de 2004. Contempla também a duplicação da capacidade de esmagamento de soja em duas unidades, investimento em co-geração nas duas usinas de açúcar do grupo e a ampliação dos pomares de laranja da Coinbra, principalmente em São Paulo.

Com a nova processadora no Mato Grosso e a duplicação em Ponta Grossa e Jataí, a capacidade de esmagamento de soja da empresa deve sair de 7,5 mil toneladas diárias para 13 mil próxima safra, segundo Kenneth Geld. Ele afirma que esse número pode chegar a 16 mil toneladas em 2005, apenas com "pequenos investimentos" na esmagadora mato-grossense. Inicialmente, a fábrica terá capacidade para 3 mil toneladas diárias. "Tudo vai depender do crescimento da safra brasileira de soja". Geld aposta num aumento de 10% a 15% a cada temporada.

O processamento de citros, outro importante segmento para a Coinbra, deve ficar estável este ano em relação a 2002. A empresa esmaga aproximadamente 15% da produção paulista de laranja, que deve ficar em 348 milhões de caixas de 40,8 quilos em 2003/04, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA). Mas, com o investimento em novos pomares no Estado, a companhia espera que, em cinco anos, um terço de seu processamento seja produção própria. Hoje, esse percentual é de 7% nas duas fábricas da empresa localizadas em Matão e Bebedouro. Pelos planos da Coinbra, o número de árvores plantadas, hoje em 3,5 milhões de unidades, deve chegar a 5,5 milhões em dois anos.

Os projetos da Coinbra para o setor de cana-de-açúcar - área em que atua há três anos - também são ambiciosos. Atualmente a empresa tem capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas, 50% mais do que quando adquiriu as duas unidades situadas em Leme (SP) e Lagoa da Prata (MG). Mas a empresa quer mais. "Nosso objetivo é atingir 7 milhões de toneladas; por isso estamos negociando a aquisição de duas usinas", diz Geld. Mesmo a construção de novas unidades não está descartada.

Na área de café, os números são mais tímidos. A Coinbra atua como trading de café verde há dez anos, mas só em 2002 começou a torrar e moer e a produzir solúvel no Brasil. A previsão é produzir três a quatro mil toneladas anuais na fábrica de Cruzeiro. "Vemos no café um nicho a ser preenchido".

Outro investimento atraente pela competitividade do setor de frangos e suínos no país é a Chapecó, ainda que, neste caso, os planos sejam tratados com reserva. Para bater o martelo na questão do arrendamento e da possível compra, o frigorífico catarinense está passando por uma "due diligence". Segundo Geld, apesar de "debilitada financeiramente", a empresa atrai pelo potencial de sua estrutura de negócios. A aquisição da Chapecó também permitiria à Coinbra consolidar a área de exportação de carnes no Brasil. No exterior, a Dreyfus já é forte nesse segmento.

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