CI

Duelo pela mina de fosfato de Goiás


Copebrás e Fosfertil/Ultrafertil são as principais interessadas na exploração da jazida. A Copebrás e a Fosfertil/Ultrafertil voltaram a se duelar pela disputa da mina de fosfato de Catalão, no sudoeste de Goiás, estratégica para a expansão dos negócios de processamento de matérias-primas para fertilizantes das duas companhias. As empresas têm até o dia 22 de dezembro para apresentarem o projeto de aproveitamento econômico da área. "A melhor proposta ganha a licitação", afirma Valdijon Estrela, chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

A área em litígio, conhecida como área 5 (oficialmente processo 804.513/1968), tem em disponibilidade para exploração 27 milhões de toneladas de minério, suficientes para cinco anos de utilização.

A região é estratégica para as duas indústrias de fertilizantes porque tanto a Copebrás quanto a Fosfertil/Ultrafertil estão avançadas em projetos de verticalização de produção de fosfato, uma das principais matérias-primas para a composição de adubos.

Histórico

A mina de fosfato de Catalão, denominada área 5, pertencia à Metago (Metais de Goiás S.A.), empresa estatal que solicitou o primeiro estudo de viabilidade econômica em 1968, que foi concluído oito anos depois.

Segundo Estrela, o relatório final da pesquisa saiu em 1979. No entanto, a área nunca chegou a ser explorada. No início dos anos 80, a Goiasfértil, empresa criada pela Metago, em associação com a também estatal Petrofértil, apresentou projeto para explorar o fosfato de Catalão. "A empresa deixou de cumprir o acordo firmado com a DNPM e acabou perdendo o direito sobre a região", afirma.

Em 1991, o processo foi paralisado. Nesse intervalo, a Goiasfértil foi privatizada e vendida para a Ultrafertil, que se considera "herdeira" dos direitos de exploração do mineral. No dia 22 de outubro, com a publicação do edital pelo Ministério de Minas e Energia, que coloca a área novamente em disponibilidade, as empresas interessadas na jazida têm 60 dias para enviar ao DNPM proposta de aproveitamento econômico da mina.

Interesse

A Copebrás, controlada pela empresa sul-africana Anglo American, maior grupo de mineração do mundo, tem todo o interesse na área. A companhia investiu sozinha US$ 140 milhões na construção de um complexo industrial de fertilizantes em Goiás.

No complexo mineroquímico da Copebrás em Goiás, a companhia produz ácido fosfórico, superfosfato simples (SSP), ácido sulfúrico, além do beneficiamento de rocha fosfática - principal matéria-prima utilizada na produção de fertilizantes fosfatados e de ácido fosfórico. Em obras também estão em construção a nova unidade de granulação, para a fabricação de fosfato de monoamônio (MAP) e superfosfato triplo (TSP).

Os investimentos são para dobrar a capacidade de beneficiamento de rocha fosfática, dos atuais 650 mil toneladas para 1,2 milhão de toneladas por ano. Se vencer a concorrência, a empresa poderá aumentar em 20% a capacidade de beneficiamento da rocha, além de elevar em mais cinco anos a capacidade de exploração da matéria-prima à base de fosfato.

Para Nelson Pereira dos Reis, presidente da Copebrás, não interessa fazer parceria para explorar a área com outra empresa. "Estamos em fase de preparação da nossa proposta", diz o empresário.

Os executivos da Fosfertil/Ultrafertil estão avaliando se vão participar da licitação, diz Luiz Antonio Bonagura, diretor de administração, finanças e relações com o mercado. A Fosfertil/Ultrafertil detém um pouco mais da metade da produção brasileira de rocha fosfática, seguida pela Bunge e Copebrás. Segundo analistas de mercado, não interessa à Fosfertil o crescimento da Copebrás neste segmento.

Segundo Estrela, chefe da DNPM, há poucas reservas de minérios disponíveis para exploração em Goiás. Mas o potencial da região é grande. Estrela diz que a empresa que ganhar a licitação poderá encomendar um estudo para saber se a atual área pode ser melhor aproveitada. "O último estudo realizado sobre essa área foi há mais de 20 anos", diz.

Rica em minério

A região de Catalão é rica em minérios. Além do fosfato, essencial para a composição de fertilizantes, o município tem reservas de pirocloro (minério de nióbio). O Brasil, maior produtor mundial do minério, detém mais de 90% dessas reservas, é o maior produtor do produto industrializado, a liga ferro-nióbio, com forte demanda do Japão, Estados Unidos e Europa Ocidental. O titânio também é explorado no estado.

Mônica Scaramuzzo

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.