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E o etanol? Até onde vão esses preços altos?

Preços elevados do álcool têm relação com a gasolina do governo


Preços elevados do álcool têm relação com a gasolina do governo

Por que o preço do etanol deixou de ser competitivo? Muito mais do que as velhas explicações sobre entressafra e a razão de uma opção rentável ao produtor, especialistas apontam outros fatores que são debatidos ainda timidamente pelo mercado e, muitas vezes, até embaixo do pano.

A realidade do mercado de combustíveis no Brasil está mudando. A estabilidade econômica e aumento da renda fizeram das vendas dos carros flex um sucesso. Os carros flex passaram a representar uma fatia importante dos veículos, tendo chegado a quase 90% do total de carros novos comercializados no Brasil.

No entanto, para representantes do governo federal, a única maneira de manter os preços competitivos do etanol é manter a paridade de 70% da gasolina, cujo preço, no Brasil, está alinhado com o mercado internacional e, portanto, sem distorções, segundo essa visão institucionalizada.

Porém, para o mercado sucroalcooleiro a questão não é tão simples assim. De acordo com Arnaldo Corrêa, gestor de riscos especializado em commodities agrícolas, o etanol está no meio de duas commodities internacionais: açúcar e petróleo; e ambas são regidas pelas leis de mercado, ou seja, oferta e demanda. "Mas, no Brasil, o produtor precisa viver o eterno dilema de produzir açúcar (que ele consegue visualizar o mercado futuro e projetar preço e remuneração), ou produzir etanol (que fica aprisionado à paridade com a gasolina, cujo preço é controlado pelo governo). Manter a paridade enquanto o governo não sai do conforto é, portanto, a missão hercúlea do produtor de etanol", fala Arnaldo.

Isso acontece porque a argumentação do governo ainda se baseia na velha máxima dos preços de petróleo no mercado internacional, afirmando que no momento em que o preço do barril atingiu 150 dólares lá fora, no Brasil o preço da gasolina não mudou em nada. "Uma bobagem sem precedentes, afinal mercados controlados diminuem a transparência, aumentam a distorção de preços e afugentam investidores", avalia o gestor de riscos.

Arnaldo ainda opina: "se tivéssemos um mercado de gasolina livre, o setor sucroalcooleiro teria se antecipado aos investimentos necessários e, talvez, não estaríamos hoje com um atraso na expansão para atender a participação cada vez maior do etanol, sobretudo no mercado interno", completa.

Com tudo isso, de acordo com Arnaldo, ainda ficam as perguntas no ar: como o mercado sucroalcooleiro vai atuar para atingir um bilhão de toneladas de cana necessárias para atender ao mercado daqui a cinco anos? Como esperar que o etanol se torne commodity se um dos maiores produtores mundiais tem seu preço limitado e vinculado ao da gasolina controlada?

As informações são da assessoria de imprensa da Archer Consulting.

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