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EAD é valido na formação agro?

Profissionais que são a favor, profissionais que são contra e a polêmica da formação a distância


Foto: Pixabay

Com a evolução da pandemia de coronavírus no Brasil muitas instituições de ensino ou interromperam as aulas ou optaram por seguir de maneira virtual. Mas o Ensino a Distância (EAD) não é uma novidade no agronegócio. Em uma rápida busca pela internet encontramos pelo menos cinco instituições de ensino superior que ofertam Agronomia a distância. Também há cursos técnicos e de nível médio. A modalidade ganha espaço no setor agro justamente pela facilidade de acesso e pela flexibilidade de acessar de casa, não necessariamente em um horário fixo.

Deste lado da mesa

O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) é uma referência em cursos EAD. A modalidade de ensino transversal é utilizada tanto nos cursos de Formação Rural Profissional, com pequena carga horária, quanto no curso técnico de nível médio em Agronegócio com dois anos de duração. O portal EAD do Senar já tem dez anos e desde então são 850 mil matrículas. Busca ampliar a capacitação com qualidade, agilidade, abrangência, além de ser gratuito.

O aluno tem acesso a apostilas digitais, videoaulas, conteúdos web e, ainda, possui o contato com especialistas da área que realizam a tutoria dos cursos, bem como uma equipe de monitores que o auxiliam em dúvidas técnicas. Após concluir todas as atividades obrigatórias e responder a pesquisa de satisfação, o aluno recebe o certificado de participação no curso, disponibilizado digitalmente. “O principal objetivo é contribuir com a formação e a profissionalização das pessoas do meio rural e, consequentemente, com a melhoria na qualidade de vida rural, incentivo aos jovens para que permaneçam no campo, bem como com avanços na produção rural, a fim de garantir a sustentabilidade do meio ambiente”, destaca Ana Ângela Sousa, coordenadora de Educação a Distância.
 
Ana acredita que essa modalidade de ensino está tendo mais visibilidade com a pandemia porque permite o uso de diferentes mídias e linguagens, e não só para disponibilização de conteúdo, mas principalmente para plena interatividade e interação entre pessoas e grupos.

Um dos exemplos é o curso técnico em Agronegócio, ofertado de maneira semipresencial (80% a distância e 20% presencial). O curso, de nível médio, é ofertado nas cinco regiões brasileiras. “É uma oportunidade porque muitos pólos estão interior do país. É a forma de oferecer ao produtor e ao trabalhador rural a oportunidade de uma formação profissional, para dialogar com a realidade da população do campo”, diz Maria Cristina Ferreira, coordenadora de Educação Formal do Senar .
 
Ela ressalta que são mais de 5 mil alunos formados em todo país e que a circunstância dada pela pandemia coloca em evidência a educação a distância. “A modalidade a distância sairá mais fortalecida quando professores e alunos compreenderem ser possível a relação proximal, independente do afastamento físico, com aprendizagem recíproca”, completa.

“Um bom Agrônomo tem que sujar as mãos e as botas”

Para Juarez Morbini Lopez, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Ensino a Distância na Área Tecnológica não é a solução dos problemas de formação profissional e oportunidade de emprego para todos. “Não podemos conceber um profissional sem capacitação sendo responsável pela execução de obras ou de empreendimentos que só podem ser executadas por profissionais habilitados”, defende.

O professor questiona a falta da troca de conhecimentos em sala de aula entre professor e alunos e entre colegas. Nos cursos de Engenharia, por exemplo, como a Agronomia, existe uma mescla de conteúdos teóricos e a prática a campo.  “No caso da Agronomia, uma profissão eclética que envolve diversas áreas de conhecimento, como poderia um egresso de curso de EAD indicar com segurança um produto para combate de doenças e pragas ou para eliminação de uma planta invasora se não teve contato com o campo, ou nunca trocou ideias com seus colegas que talvez já tenham alguma experiência prática? Como trabalhar com máquinas e equipamentos modernos sem tê-los experimentado?”, questiona.

“Um bom Engenheiro Agrônomo tem que sujar as mãos e as botas”. Lopez usa a frase característica para retratar como as aulas práticas presenciais fazem a diferença na formação profissional que vai vivenciar o dia a dia da atividade rural. “Somos de opinião que todos devem ter o direito de estudar, se formar e ter uma profissão digna e responsável, mas o mais importante para a segurança da sociedade é que os profissionais devem ser habilitados e qualificados para exercerem suas profissões, e o EAD, sob o nosso ponto de vista não é o caminho para isto”, encerra.

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