Efeito argentina faz preço do trigo subir 16%
Os produtores elevaram os preços a patamares que os moinhos se negam a pagar
O mercado de trigo no Paraná está paralisado por conta do efeito da suspensão das exportação do cereal pela Argentina. Segundo o analista de Trigo da AgRural, Benedito de Oliveira, os produtores que ainda têm estoques elevaram os preços a patamares que os moinhos se negam a pagar. De acordo com levantamento da consultoria, os triticultores não aceitam vender a tonelada do produto por menos de R$ 500. O valor é, pelo menos, 16% superior ao praticado há duas semanas, antes do anúncio do governo argentino de proibir as vendas externas de trigo. "Há 15 dias, a tonelada estava sendo negociada a R$ 430", completa o analista. Ele não soube precisar o volume de matéria-prima que o produtor tem estocado.
Segundo Oliveira, os triticultores estão em situação confortável para segurar a produção, pois têm, neste momento, outros produtos a negociar no mercado para geração de receita, como soja e milho. O analista informou que nesta semana foram registrados apenas alguns poucos negócios com moinhos de menor porte, que não têm condições de importar a matéria-prima. "Somente esses menores se sujeitaram aos preços altos", conta.
Ele acredita que as indústrias maiores ainda conseguem aguardar o período de um mês sem fazer novas aquisições de matéria-prima. Isso porque ainda têm a receber volume negociado antecipadamente com produtores argentinos.
RS e SC
Oliveira relata que no Rio Grande do Sul foram registrados alguns negócios com pequenos lotes a preços menores que os pedidos no Paraná. Moinhos locais conseguiram adquirir o produto a preços entre R$ 450 e R$ 460 a tonelada.
Em Santa Catarina, segundo o analista da AgRural, o mercado de trigo registrou movimento de cerca de 300 toneladas na região de Campos Novos. O preço negociado foi de R$ 360.