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Embaixador brasileiro afirma que romper novo acordo para Alca é inaceitável


O embaixador brasileiro e co-presidente da Alca, Ademar Bahadian, disse que qualquer tentativa de mudar o acordo feito recentemente entre Brasil e Estados Unidos sobre a Alca será "inaceitável". "Há delegações que gostariam de voltar à declaração original, mas isso significaria um impasse", disse Bahadian, sem citar quais países teriam objeções à proposta conjunta apresentada por Brasil e Estados Unidos.

As bases do novo acordo foram definidas em um encontro há uma semana entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o responsável pelo comércio exterior dos Estados Unidos, Robert Zoellick. No final da semana passada, em Miami, os representantes de Brasil e Estados Unidos finalizaram um documento com os detalhes sobre os pontos do acordo, que basicamente estabelece uma Alca mais flexível.

"Alca light"

Segundo a proposta, que ficou próxima do que os representantes brasileiros têm chamado de "Alca light", cada país poderá negociar temas de acordo com suas necessidades específicas. Mas o que o governo brasileiro chama de Alca "light" e vê como uma vitória da chancelaria brasileira é chamado de Alca "esvaziada" por aqueles que gostariam de ver as bases de um acordo continental mais abrangente.

Apesar de admitir a falta de consenso, Bahadian minimizou o peso da dissidência, durante o primeiro dia do encontro em Miami (EUA) que discute a criação da Área de Livre Comércio das Américas. "Não posso dizer que há aceitação unânime da proposta. Mas insisto que, até agora, não houve nenhuma tentativa séria de romper esse acordo."

Segundo Bahadian, "os países que são contra querem voltar ao estágio anterior, em que havia uma ambição irrealista, que podia ser factível para uns, mas não para outros". Os diplomatas brasileiros que participam das negociações em Miami negaram rumores de que o Chile e o Canadá teriam apresentado uma proposta formal alternativa à proposta brasleira e americana.

Alca "à la carte"

Em linhas gerais, o acordo atual, apresentado por Brasil e Estados Unidos como um consenso para uma Alca possível, retira da pauta de negociações os temas polêmicos que poderiam provocar futuros impasses. Discussões sobre temas como subsídios aos agricultores americanos saíram da pauta, como queriam os Estados Unidos. Também ficaram fora das discussões as negociações de regras comuns para investimentos e propriedade intelectual, como queria o Brasil.

A proposta atual permite que um país - ou bloco de países - interessado em fechar acordos mais abrangentes, mesmo em temas polêmicos, possa negociá-los. Esses acordos, no entanto, não valeriam para os demais membros da Alca. "Pela nova proposta, cada país escolhe o que quiser", disse Bahadian, resumindo a filosofia do acordo, que por sua flexiblidade também está sendo chamado de Alca "à la carte".

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