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Embarques de cortes bovinos recuaram 65% em Mato Grosso

Vendas para União Europeia são as menores registradas em três anos


As exportações para União Européia no primeiro semestre de 2009 registraram uma considerável queda comparada ao realizado no primeiro semestre dos três últimos anos. Segundo levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), neste ano foram exportados 4,08 milhões de quilos, volume 65,62% abaixo do registrado no ano anterior.

“Os dados apontam que a maior queda foi registrada entre 2007 e 2008 quando a União Europeia passou a exigir que o Ministério da Agricultura e Pecuária fizesse a auditoria das propriedades habilitadas para exportar para o bloco. Nesse período houve uma grande queda tanto do volume (74,37%) quanto no valor”, analisa o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

Como explica Vacari, Mato Grosso possuiu atualmente 203 propriedades aptas à exportar para União Européia, “no entanto, há uma fila de espera para obtenção das certificações de quase 500 fazendas que necessitam da auditoria oficial para comercializar carne in natura para os mercados que exigem o Eras/Sisbov. Enquanto não for resolvido o sério problema de falta de estrutura do Ministério da Agricultura para realizar as auditoria, a situação vai persiste e o Estado, indústrias e pecuaristas continuarão a perder mercado”.

MERCADO - As consequências da falta das auditorias do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) são inúmeras. A exigência da rastreabilidade para que a carne chegue ao cobiçado e rentável mercado europeu travou o mercado dificultando o ingresso de novas propriedades. O Brasil, por exemplo, usou apenas 25% do volume possível da Cota Hilton no ano passado (2008/2009), ou seja, para aproveitar a nova Cota Hilton, o Brasil terá de aumentar 715% as exportações para àquele bloco consumidor. A Cota foi criada com a finalidade de minimizar as distorções geradas pela sobretaxação da carne brasileira exportada para a União Europeia. A cota Hilton do Brasil era de 5 mil toneladas de carne com uma taxa de importação de 20%. Com a entrada da Romênia e Bulgária na comunidade europeia, a cota do Brasil dobrou desde o dia 1º de julho e o Brasil passou a ter direito de exportar 10 mil toneladas. “A notícia é animadora para o pecuarista que está investindo na sua propriedade para se adequar as rígidas normas europeias, mas a contrapartida do governo federal não existe, penalizando o produtor mais uma vez”, disse o superintendente da Acrimat.

PREÇO - Os impactos na retração das exportações também podem ser sentidos no preço da arroba no mercado interno, segundo levantamento do Imea. Comparando com os anos anteriores, o preço da arroba do boi gordo sofreu pouca variação nos sete primeiros meses de 2009, atingindo 3,9% abaixo do que vigorava no início de 2009. Já a carcaça casada, que representa a carne no atacado, teve queda de 5,6% no mesmo período e é cotada por R$ 4,59 o quilo. O traseiro com osso teve a maior redução de preços sofrendo desvalorização de 11,7%. No caminho oposto, o dianteiro com osso valorizou 10,9%. A baixa do traseiro mostra os impactos da retração das exportações, ao passo que a alta do dianteiro o aumento da demanda pela população de baixa renda.

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