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Embrapa Cerrados inicia pesquisas sobre produção de leite orgânico

A produção no Brasil ainda é muito pequena, cerca de 0,01% do total


O leite orgânico, apesar de possuir mesmo valor nutritivo que o convencional, é mais saudável por não conter resíduos químicos de qualquer espécie. A produção no Brasil ainda é muito pequena, cerca de 0,01% do total, mas a demanda cresce a cada dia. E para desenvolver e fortalecer a cadeia produtiva do leite orgânico no país a partir da disponibilização de tecnologias foi implantada uma rede de pesquisa interinstitucional coordenada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) da qual a Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), faz parte.


Os trabalhos na Embrapa Cerrados relacionados a esse projeto de pesquisa já começaram. No local será estudada a produção de biomassa de forragem para sistemas agroecológicos de leite no bioma Cerrado. “A pastagem será avaliada durante três anos. Plantamos braquiária consorciada com estilosantes e, nas faixas, vamos plantar feijão guandu”, informa o pesquisador responsável João Paulo Guimarães. Segundo ele, para uma pastagem ser orgânica, não deve ser utilizado nenhum insumo químico, as fontes de adubo têm de ser substituídas por fontes naturais e o sistema de pastejo tem de ser do tipo rotativo (conforme a Lei 10.831/03 e a Instrução Normativa 64/08, que entrou em vigor em janeiro de 2011).

O pesquisador explica que, para substituir a ureia, que não é permitida no sistema orgânico por ser obtida a partir do petróleo, utiliza-se adubação verde, com leguminosas fixadoras de nitrogênio, como é o caso do estilosantes e do guandu. “Para aumentar a absorção de nutrientes pelas raízes das gramíneas e leguminosas, também vamos utilizar fungos micorrízicos, desenvolvidos em laboratório. Como fonte de fósforo, são usados fosfatos de rochas naturais e, para suprir de potássio, no lugar do cloreto de potássio, usamos o pó de rocha. Tudo é natural e não tem nada de adubo químico”.

As pastagens foram instaladas na sede da Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina (DF), e também na escola agrícola do município de Unaí (MG), que possui um projeto ligado a agricultores familiares sendo desenvolvido por pesquisadores da Unidade. O estudo das pastagens levará 36 meses. Em seguida, segundo o pesquisador, serão avaliadas as condições de pastejo e, por fim, validada a pesquisa junto aos agricultores familiares do DF e entorno. “O projeto de agricultura orgânica é direcionado a agricultura familiar, que é responsável por quase 60% de toda a produção de leite do país”, informa.

O pesquisador destaca, ainda, que para implementar esse projeto buscou-se estabelecer parceiras com os outros trabalhos já em andamento na Embrapa Cerrados. “Além da parceria com o Projeto Unaí, também estamos trabalhando em conjunto com o projeto de rochas potássicas e com o de melhoramento de leguminosas. Quero agregar todos os grupos que possam trabalhar com agricultura orgânica. Acredito num sistema diferenciado que ofereça produtos de qualidade com segurança alimentar”, enfatizou o pesquisador.


Projetos – o pesquisador João Paulo Guimarães Soares é líder do projeto componente Sistemas Orgânicos de Produção Animal (iniciado em outubro de 2007) do Macroprograma 1 da Embrapa - Bases Científicas e Tecnológicas para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Brasil. Além do projeto de pesquisa aprovado em dezembro pelo CNPq, o pesquisador também coordenará a partir deste ano, e com previsão de término para 2013, um trabalho de estruturação da cadeia produtiva do leite orgânico no Distrito Federal e municípios do entorno.

Serão priorizados os seguintes locais: Paranoá (DF), PAD-DF, Padre Bernardo (GO), Luziânia (GO), Formosa (GO), Cristalina (GO) e Unaí (MG). O trabalho conta com recursos do programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Com esses dois projetos aprovados externamente queremos apoiar financeira e tecnicamente o de sistemas orgânicos de produção animal. Que está dentro do projeto em rede de agricultura orgânica”, explica o pesquisador.
As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Cerrados.

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