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Embrapa estuda gado curraleiro

Pesquisas estudam característica da raça curraleira para fazer um boi mais "brasileiro", mas naturalizada



Pesquisas estudam característica da raça curraleira para fazer um boi mais "brasileiro", mas naturalizada. "Só não podemos dizer que é natural porque quando os portugueses chegaram no Brasil não havia pecuária no País", diz Arthur Mariante, coordenador do Programa de Conservação e Utilização de Recursos Genéticos Animais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Desde 1983 a instituição mantém um rebanho curraleiro na unidade Meio Norte, no Piauí.

"De todas as raças crioulas é a carne mais macia e mais gostosa", afirma Mariante. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Curraleiro, Hermes de Paula, a carne do curraleiro é mais tenra e tem um pouco do marmoreio do europeu - o animal veio da Península Ibérica. A Universidade Federal de Goiás (UFG) está estudando as característica do produto do curraleiro.

Ao preservar a espécie, a Embrapa pretende dissecar as características da raça, que é muito resistente a doenças e parasitas como berne e mosca de chifre. "No futuro, por exemplo, podemos ter uma vaca holandesa adaptada à caatinga a partir dos genes do curraleiro", diz Paula. Outra característica importante do animal é a longevidade e a natalidade. Quando criada livre, sem controle, a vaca curraleira tem 100% de prenhez, enquanto uma fêmea nelore na mesma condição alcança índice de 60%. No Núcleo de Conservação da Embrapa Meio Norte, uma fêmea curraleira, com 20 anos, produziu um bezerro anualmente e, mesmo em idade avançada, recentemente adotou dois bezerros de outra vaca. "Um animal desses pode ser usado em testes de clonagem", ressalta Mariante.

A maior parte dos produtores do gado é de grande porte. Ou pertencem a família tradicionais de criadores de gado "pé-duro", como também é chamado; ou aqueles que buscam um animal "exótico" em seu curral ou que têm espírito de preservação. Mauro Ribeiro, de Porto Nacional (TO), é um desses. Há cerca de 20 anos ele tem um plantel de curraleiros - hoje de 200 cabeças - junto com animais da raça nelore. "A manutenção do curraleiro é mais barata", afirma. No entanto, como o pé-duro é um animal de porte inferior ao nelore, é terminado com peso baixo: 300 quilos para mais de 400 quilos de um boi nelore. "Como o gado vale o que pesa, é difícil ser criador só de curraleiro", admite Ribeiro.

O pesquisador da Embrapa diz que a idéia da instituição não é substituir um nelore ou outra raça pelo curraleiro, mas poder usar suas características no melhoramento do rebanho nacional. Estudos de avaliação de cruzamento, seleção e qualidade de carcaça estão sendo desenvolvidos pelas unidades da Embrapa Meio Norte (PI), Pecuária Sudeste (SP) e Gado de Corte (MS). Enquanto a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia conserva sêmen e embriões curraleiros.

Mariante destaca que, devido a seu porte e a adaptabilidade a condições rústicas, o curraleiro é ideal para o semi-árido nordestino. O Nordeste conta atualmente com 780 animais da raça, que é criada também em Goiás (861 bovinos), em Tocantins (321 curraleiros) e 42 exemplares no Distrito Federal.

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