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Embrapa inicia plantio de feijão transgênico resistente ao mosaico


As pesquisas de campo com transgênicos começam ganhar novo ritmo no Brasil. Esta semana, técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciam o plantio de feijão geneticamente modificado em Santo Antônio de Goiás, a 12 quilômetros de Goiânia. As pesquisas vão avaliar a resistência do feijoeiro ao vírus do mosaico dourado, transmitido pela mosca-branca e considerada a mais importante doença que ataca a cultura. A Licença de Operação para Área de Pesquisa (Loap), concedida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e válida por três anos, foi oficialmente entregue aos pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão na última sexta-feira.

É o segundo licenciamento do gênero no Brasil. O primeiro foi para a Embrapa Mandioca e Fruticultura, em outubro passado, para estudos de mamão geneticamente modificado, em Cruz das Almas, no sul da Bahia. Outros 32 pedidos de licença para pesquisas de campo aguardam liberação no Ibama. Desses, o que está mais próximo de sair do papel é o experimento com a batata resistente ao vírus do mosaico (PVY), que causa o ralamento das folhas, e está sendo desenvolvido pela Embrapa Hortaliças. Outros três projetos para testes com milho transgênico, da empresa Dow Agrosciences, também estão em fase final de análise segundo a Diretoria de Licenciamento do Ibama. Mas 24 dos 32 pedidos ainda não entregaram os estudos necessários à emissão das licenças. Entre as empresas que estão com a papelada atrasada constam a Monsanto, Basf e Bayer.

O presidente do Ibama, Marcus Barros, diz que a instituição vem se estruturando para tornar o licenciamento ambiental cada vez mais ágil. "O Ibama não é obstáculo ao desenvolvimento. Nossa tarefa é cuidar do meio ambiente, mas não temos vocação para atrapalhar o avanço da ciência." Após a entrada na instituição, diz, a meta é que todos os projetos ganhem parecer em 45 dias.

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura e produtor rural, José Amauri Dimarzio, também prometeu agilidade. "A velocidade na tomada de decisões é um fator competitivo". A sintonia com outros órgãos, como os ministérios do Meio Ambiente e Saúde, possibilita a recuperação de procedimentos que estavam parados há anos. Ação neste sentido também foi anunciada na sexta - uma nova Instrução Normativa do Ibama que simplifica os procedimentos para experimentos com transgênicos em laboratório.

Novas pesquisas

A Embrapa Arroz e Feijão corre contra o tempo para iniciar o plantio nos próximos dias e aproveitar ainda o fim da primeira safra anual de feijão, quando a cultura sofre com a doença (devido à infestação da mosca-branca) e as condições ambientais ainda são favoráveis. A Loap, emitida sexta-feira, determina que o campo experimental da empresa está em condições para realizar a pesquisa de campo, mas não autoriza o início dos trabalhos. Ela é apenas um dos documentos necessários para realizar a pesquisa de campo. É preciso ainda o Registro Especial Temporário (RET), emitido pelo Ibama, pelo Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo prometeu publicar o registro hoje.

A pesquisa em campo, que será desenvolvida em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Tecnologia, será em uma área de 2,5 mil metros quadrados, mas apenas 45 metros quadrados serão destinados ao experimento. O pesquisador Josias Faria diz que a legislação exige uma borda de segurança que cerque a área para evitar escape do material. A área com OGM será rodeada por outras duas lavouras, de feijão convencional e outra de milho.

O vírus do mosaico dourado é a pior doença do feijão, já que ocorre em quase todas as regiões brasileiras e pode causar perdas de até 100% na produção. A praga atinge sobretudo a primeira safra de feijão anual, que vai de dezembro a fevereiro.

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