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Embrapa Pecuária Sul e CGTEE assinam convênio

Os recursos serão transferidos ao longo de 12 meses para o centro de pesquisa


Na tarde desta terça-feira (29), a Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS) e a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) firmaram um acordo de cooperação técnico-financeira no valor de R$ 650 mil para contribuir com a transformação da realidade socioeconômica do território do Alto Camaquã, no Rio Grande do Sul. A região está inserida em vários projetos desenvolvidos pelo centro de pesquisa desde 2006. As ações são voltadas para a promoção do desenvolvimento territorial endógeno, fundamentado no manejo durável do campo nativo para a produção pecuária.

Do montante previsto pelo acordo, cerca de R$ 450 mil são provenientes de recursos da CGTEE para ações de responsabilidade social, sendo os R$ 200 mil restantes de responsabilidade da Embrapa Pecuária Sul, que empregará bens e serviços no âmbito do Projeto Alto Camaquã. A Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (Fapeg) realizará a gestão financeira do convênio.

Os recursos serão transferidos ao longo de 12 meses para o centro de pesquisa, o que viabilizará diversas atividades, como ações para conservação dos recursos naturais sob uso na região do Alto Camaquã, que incluem o manejo da vegetação campestre, o mapeamento e a preservação das nascentes com acompanhamento da qualidade da água e a instalação de um cactário na região das Guaritas (Caçapava do Sul).

Os investimentos possibilitarão ainda a organização e o fortalecimento da Rede de Produtores e Empreendedores do Alto Camaquã, além da qualificação da produção local, especialmente o rebanho de cordeiros e terneiros, o bolo de amendoim de Torrinhas (Pinheiro Machado) e a implementação de um roteiro turístico integrado entre os municípios que abrangem o território – Bagé, Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini e Santana da Boa Vista (RS). Serão criados tele-centros com computadores instalados nas Unidades Experimentais Participativas (UEPAS) do Projeto Alto Camaquã, o que permitirá a organização dos dados obtidos. Também será elaborado um plano de posicionamento da marca Alto Camaquã para os produtos e serviços do território.

Perspectivas

O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Alexandre Varella, destacou a importância dos trabalhos que vêm sendo realizados na região envolvendo pecuaristas familiares. “Com a parceria, o Projeto Alto Camaquã será reforçado em suas ações e teremos a oportunidade de mostrar às pessoas e ao poder público que a valorização da pecuária em campo nativo tem importância social e econômica”, disse. Ao agradecer à CGTEE pela confiança no Projeto, Varella manifestou o desejo de que a parceria se desdobre em novas oportunidades no futuro. “Vislumbramos a análise dos serviços ambientais prestados pela pecuária”.

Confiante no sucesso do convênio com a Embrapa Pecuária Sul, o diretor presidente da CGTEE, Sereno Chaise, acredita que o Projeto Alto Camaquã pode representar um importante fator ao desenvolvimento da região. “Queremos consolidar nossas ações em responsabilidade social e projetos dessa natureza vêm ao encontro de nossa vontade. É nossa obrigação aplicar nossos recursos em responsabilidade social aqui na região Sul do Estado, pois é de onde vem o carvão para a usina”, disse, esperando retornar a Bagé no final de 2012 para a renovação do convênio.

Daniel Montardo, chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Pecuária Sul, também demonstrou entusiasmo com o convênio. “Também apostamos no Projeto, que na prática é um programa, já que vários projetos foram realizados com o foco de exercitar e adaptar tecnologias junto com os produtores nas UEPAs. Isso tem aumentado a renda e alterado o perfil da produção. Quem antes só tinha terneiros magros agora está engordando animais para vender, e sem ter que fazer grandes investimentos”, afirmou. Segundo Montardo, o próximo passo é evoluir o trabalho para a valorização dos serviços ambientais, pois já se sabe que os sistemas de produção pecuária locais preservam o Bioma Pampa. “Esperamos chegar a esse patamar. Hoje, vemos isso de forma qualitativa, agora precisamos colocar isso em números, o que depende de pesquisas que extrapolam em muito nossa capacidade. Além disso, representa uma mudança de visão sobre a preservação, que é a perspectiva de preservação sob uso”, disse, esperando que a parceria futuramente se desdobre em ações de pesquisa e desenvolvimento.

Alto Camaquã

Durante a solenidade de assinatura do convênio entre Embrapa Pecuária Sul e CGTEE, a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia do centro de pesquisa, Estefanía Damboriarena, apresentou as ações de promovidas pelo centro de pesquisas no âmbito do Projeto Alto Camaquã. Território caracterizado pela elevada declividade do terreno, pelos mosaicos de campo e mato e pela produção pecuária em campo nativo, além de conter áreas prioritárias para conservação de aves, flora e rios, o Alto Camaquã permaneceu à margem do processo de modernização ocorrido no último século.

Ao falar dos pressupostos e do enfoque das iniciativas do Projeto Alto Camaquã, iniciado em 2007 pela Embrapa Pecuária Sul, Estefanía destacou que os sistemas sociais e ambientais da região têm potencial baseado na elevada taxa de renovabilidade dos recursos naturais, na baixa entropia, na conservação das paisagens, na diversidade biológica, na cultura e na identidade dos habitantes. As ações visam à ecologização da pecuária familiar com a potencialização do modo de uso dos recursos naturais, promovendo o desenvolvimento territorial endógeno. Isso acontece por meio da pesquisa participativa, do re-conhecimento das potencialidades locais, da atuação em rede entre pesquisa, extensão rural e produtores, do fortalecimento das organizações locais (associações de produtores) e da “indução” à cooperação.

A base física dos trabalhos está nas 13 Unidades Experimentais de Pesquisa Participativa (UEPAs), que são propriedades de pecuaristas familiares localizadas nos municípios de Bagé, Caçapava do Sul, Candiota, Pinheiro Machado, Piratini e Santana da Boa Vista (RS). A cada 28 dias, são realizadas reuniões nas UEPAs, momentos em que se promovem ações de valorização dos recursos naturais e dos conhecimentos locais. Nas UEPAs também é feito o acompanhamento da vegetação e o redesenho dos sistemas de produção pecuária com o uso eficiente dos recursos naturais. Além disso, são realizados semestralmente fóruns para discutir as ações a serem empreendidas no território, com a participação de produtores, extensionistas, pesquisadores, representantes do poder público e lideranças locais.

Os resultados alcançados pelo Projeto Alto Camaquã trouxeram reconhecimento ao território, que em 2010 passou a figurar como membro da Associação das Montanhas Mundialmente Famosas, entidade apoiada pela Unesco. Além disso, o último Balanço Social da Embrapa (2010) destacou o sucesso das ações empreendidas na região. Em 2011, a Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (ADAC), constituída pelas associações dos produtores da região, foi juridicamente consolidada.

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