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Embrapa propõe projeto para agilizar detecção da influenza aviária


No período de 26 a 28 de maio acontece a Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (AveSui 2004), no Centro de Convenções - Centro Sul, em Florianópolis,SC. Nessa oportunidade estarão reunidas várias organizações e empresas ligadas aos setores de aves e suínos. Juntamente com esse evento, acontece no dia 26, a partir das 10h, o Fórum Especial da Câmara Setorial de Milho e Sorgo, Aves e Suínos, que será coordenado pelo Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento participará do Fórum, devendo apresentar uma proposta de projeto sobre influenza aviária, intitulado "Agilização do Método de Diagnóstico e Tipagem do Vírus da Influenza Aviária e desenvolvimento de análises de simulação de risco de introdução do vírus da influenza aviária na avicultura industrial do Brasil através de metodologias de geoprocessamento".

De acordo com dados do Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da OIE- Organização Mundial de Saúde Animal, a influenza aviária é exótica no Brasil. Conforme definição e normas da OIE, a influenza aviária é caracterizada como doença quando causada pelos subtipos H5 ou H7 e/ou por vírus de influenza altamente patogênicos, não tendo até hoje havido casos clínicos, nem diagnóstico destes vírus nos plantéis comerciais de aves do Brasil.

O Mapa adotou medidas para evitar a entrada do vírus no Brasil e vem realizando programas de monitoria do vírus. Contudo, segundo a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves Liana Brentano, PhD em virologia, "os atuais métodos de diagnóstico, para monitorar e evitar a entrada da doença no país e investigar aves migratórias para o vírus de influenza, são bastante laboriosos e demorados, o que limita a capacidade de monitoramento da população de aves, sendo importante o desenvolvimento de novos métodos, que permitam análises mais rápidas e em significativamente maior número de amostras".

Outros métodos de diagnóstico, mais rápidos e sensíveis e igualmente específicos são mais do que necessários para programas de monitoria e pesquisa de influenza aviária no país. Testes moleculares tais como RT-PCR (teste em cadeia de polimerase), associados a seqüenciamento de DNA, aceitos pela OIE para caracterização de vírus de influenza, são métodos de diagnóstico que deveriam ser implementadas como rotina no Brasil. Esses testes são também essenciais para que sejam iniciados estudos epidemiológicos moleculares, ainda inexistentes no Brasil, sobre os diferentes subtipos de vírus de influenza em populações de aves silvestres e migratórias.

Mas, além desses métodos, a Embrapa tem também condições de desenvolver e validar um novo sistema de diagnóstico, inteiramente inovador e aplicável como ferramenta altamente sensível e específica e com altíssima capacidade de número de análises, o que viabilizaria um significativo aumento da amostragem do programa atual de monitoria de influenza.

Brentano explicou que a proposta é a de aplicar o uso de técnicas de espectrometria de massa acoplada à cromatografia capilar (LC/MS/MS e LC/MALDI TOF-TOF) para identificação de pelo menos duas proteínas principais do vírus, a Hemoaglutinina e a Neuraminidase, que estão relacionadas à patogenicidade e ao subtipo do vírus propriamente dito.

De acordo com a pesquisadora, esse procedimento foi recentemente desenvolvido e padronizado pelo pesquisador Carlos Bloch da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, demonstrou-se adequado para a detecção de proteínas de origem animal em rações de consumo animal e deverá ser adaptado para a detecção direta de proteínas do vírus de influenza.

A padronização da espectometria de massa com cromatografia capilar para detecção de vírus de influenza poderá permitir que simultaneamente em um único teste de poucas horas se obtenha o diagnóstico, a determinação do subtipo do vírus e a identificação de sua patogenicidade. Essa metodologia não é restrita à influenza aviária, mas poderá ser adaptada para a detecção e a caracterização de outras viroses de interesse econômico e sanitário ao país.

Essa proposta de pesquisa, além das metodologias de diagnóstico para influenza, inclui também em seu detalhamento a utilização de recursos de georeferenciamento e modelagem em mapas digitais em parceria da Embrapa com a Universidade de São Paulo-USP.

O projeto tem o objetivo de disponibilizar uma ferramenta de suporte à vigilância epidemiológica para órgãos oficiais. Será apresentada aos participantes do Fórum Especial da Câmara Setorial de Milho e Sorgo, Aves e Suínos pela Embrapa. "Visa viabilizar ao Brasil um importante apoio à sua biossegurança e à manutenção de seu mercado de exportação, além de participarmos do esforço internacional de controle e mais pesquisas sobre influenza aviária", esclarece Liana Brentano.

O projeto está em fase final de elaboração e deverá ser submetido ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e outros órgãos financiadores, inclusive a setores do agronegócio, de onde se espera a obtenção de financiamento para início dos trabalhos.

O Brasil é atualmente o segundo maior exportador de carne frango no mercado mundial, responsável por 16,4% da produção de carne de frango no mundo e aproximadamente 30% da exportação. Em 2003 o Brasil conquistou o título de maior exportador de frangos do mundo em receita e, de acordo com a Associação Brasileira de Exportadores de Frango (Abef) deve fechar 2004 com exportações de US$ 1,85 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão dos Estados Unidos.

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