Embrapa recomenda uso da Fécula de Mandioca no fabrico de pães
Na quinta-feira, 18, a Câmara dos Deputados e a Embrapa promovem em Brasília o seminário “A Importância Social e Econômica da Mandioca para o Brasil”. A iniciativa é do deputado Aldo Rebelo (PC do B SP). O evento deve servir como fundamentação a um projeto de Lei que prevê a introdução de 10% de fécula de mandioca na fabricação de pães.
Se aprovado, o projeto de Rebelo deve abrir mercado para uma cultura que, no Brasil, ainda não desenvolveu todo seu potencial agro-industrial. Mas a proposta tem também um viés social importante: tornar mais rico do ponto de vista nutricional um dos alimentos mais populares.
A cultura da mandioca tem uma cadeia produtiva das mais complexas, passando pelo modo secular de cultivo, principalmente no Norte e Nordeste do país, até os processamentos sofisticados de amido no Paraná, Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Isso assevera mais ainda o caráter de versatilidade de uma cultura que é sinônima da resistência e do desenvolvimento de uma civilização que completou meio milênio.
“A fécula e seus derivados têm competitividade crescente no mercado de produtos amiláceos para a alimentação humana ou como insumos em diversos ramos industriais alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica. É nesse mercado que ocorre a maior agregação de valor”, explica Carlos Estevão Leite Cardoso, pesquisador em sócio-economia agrícola da Embrapa.
Pelos dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1998, foi de 16,1 quilos por habitante ao ano, enquanto que o Brasil apresentou um valor de 40,1 kg/hab./ano. No Brasil a transformação de raízes de mandioca origina três subprodutos: raspas secas ao sol, farinha e fécula. Do total beneficiado, o fabrico de farinha utiliza de 30% a 35% da produção de raízes. A produção de fécula atinge cerca de 25% deste total.
No jargão economista, a mandioca é considerada um produto “inelástico”, o que significa dizer que, à medida que cresce o poder de compra da população o consumo deste produto não aumenta. O uso da fécula pelas padarias funcionaria, assim, como uma válvula de escape para o agronegócio da mandiocultura nacional.
Para Chigeru Fukuda, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura e presidente da Sociedade Brasileira de Mandioca, um dos painelistas do seminário da próxima semana, a proposta do deputado representa ainda a possibilidade de resgatar uma dívida social com os agricultores que ao longo de décadas estiveram à margem do contexto agro-industrial nacional. “No Nordeste a mandioca sempre foi considerada cultura de pobre, sem se levar em consideração seu importante papel na segurança alimentar das populações de baixa renda”, observa Fukuda.
O seminário começa a partir das 9 horas, no auditório do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados, e tem a seguinte programação:
9h - Abertura - Aécio Neves - Presidente da Câmara, Luís Carlos Heinze - Presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural, Alberto Portugal - Presidente da Embrapa.
9h15min - José Reynaldo Bastos da Silva - presidente da Câmara Setorial da
Indústria da Mandioca e do Sindicato da Indústria da Mandioca de São Paulo.
9h35min - Chigeru Fukuda - presidente da Sociedade Brasileira da Mandioca e
pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
9h55min - Luis Fernando Ceribelli - Diretor-Geral do Instituto de Tecnologia
de Alimentos (Ital), Campinas (SP).
1015h - Debate
10h45min - Mário Kuperman - Sociólogo, autor de documentário sobre o
aproveitamento da mandioca.
11h15min - Maurício Yamakawa - presidente da Associação Brasileira de
Produtores de Amido de Mandioca.
11h55 - Valmir Rodrigues Chaves - Presidente da Cooperativa dos Assentados
da Reforma Agrária do Pontal do Paranapanema.
12h15min - Debate
12h45min - Intervalo para almoço
Painel: Soluções para o desenvolvimento econômico do setor.
14h - Aldo Rebelo - deputado, autor do Projeto de Lei 4679/01, que dispõe
sobre a obrigatoriedade da adição da mandioca à farinha de trigo.
14h20min - Antônio Ernesto de Salvo - presidente da Confederação Nacional daAgricultura (CNA).
14h40min - Pedro de Camargo Neto - secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura.
15h - Debate
15h30min - Reino Pécala Rae - vice-presidente executivo da Associação
Brasileira da Indústria do Trigo.
15h50 - Ricardo Alves da Conceição - vice-presidente de Negócios Rurais e
Agroindustriais do Banco do Brasil.
16h10mim - Manoel José dos Santos - presidente da Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura (Contag).
16h30min - Debate
17h - Encerramento e coquetel com degustação de produtos derivados da
mandioca.