A Empresa de Armazenagem Frigorífica Ltda (Empaf), uma das maiores exportadoras de pescado do Brasil, principalmente de camarão cultivado, prevê embarcar mais de US$ 40 milhões neste ano. Para isso, a companhia ainda espera contar com a liberação da linha Exim do BNDES, cujo processo de aprovação está lento, segundo o diretor financeiro da empresa, Sérgio Colaferri Filho.
A Empaf, mais conhecida como Netuno, está aguardando uma resposta do banco desde fevereiro passado, quando deu entrada do primeiro pedido de empréstimo neste ano. Para a companhia, a morosidade na liberação chega a ser na prática uma suspensão da linha de financiamento às exportações. De acordo com a assessoria de imprensa do BNDES, a Exim está sendo liberada normalmente. O banco também informa que pode ocorrer algum atraso devido, por exemplo, à falta de algum documento do solicitante.
Com vocação para atender ao mercado internacional, a Netuno insiste na utilização da linha do BNDES por causa das melhores condições de preços e prazo em relação aos bancos convencionais. "O BNDES é um ótimo parceiro e queremos exportar mais", diz Colaferri. O executivo lembra o papel importante da instituição no histórico da companhia. "O BNDES foi um grande parceiro financiador. Ajudou a alavancar a empresa para chegar ao que hoje ela é", conta.
A companhia, instalada no Recife (PE), iniciou suas atividades em 1989 como uma peixaria. De lá para cá, ampliou as atividades e passou a operar nos segmentos de armazenagem, beneficiamento e vendas de peixes, camarões e lagostas. Em 1997, foi criada a Empaf, que controla as empresas de camarão Maricultura Netuno S.A., Maricultura Rio Grande do Norte Ltda. e Maricultura Sergipe S.A.
Hoje, o grupo é formado por dez empresas processadoras de pescados, com capacidade para congelar 100 toneladas ao dia, três centros de distribuição frigorificados e três estações para a produção de camarão cultivado. As unidades estão espalhadas em onze estados brasileiros, além de escritórios em Miami (EUA) e Barcelona (Espanha) e parceiros comerciais na Argentina e no Chile. "Nos últimos cinco anos, a empresa teve crescimento bem maior do que 20% ao ano", conta o gerente de operações financeiras e relações com o mercado, Leonardo Teixeira Moreira.
O camarão é o principal produto da Netuno, com 60% de participação nas vendas, seguido da lagosta, com 25%, e de outros pescados, com 15%. As exportações, por sua vez, respondem por 70% do faturamento da empresa. A expectativa é de as vendas da Netuno crescerem 30% neste ano e superarem o patamar dos R$ 200 milhões, segundo Colaferri. As exportações são destinadas para os Estados Unidos e União Européia. "Queremos reativar os embarques para a Argentina e matemos contatos avançados com o Oriente Médio. É só uma questão de logística", explica o executivo.
Parcerias
O investimento mais recente da Netuno está em vias de entrar em operação. Trata-se de R$ 3 milhões destinados para a construção da empresa Atuneira Nacional Indústria e Comércio Ltda. no Terminal Pesqueiro de Porto Grande, em São Luís (MA). É uma parceria junto com a Norte Pesca Ltda., de Natal (RN), para o beneficiamento de pescados com previsão de exportar 80% da produção. "Juntamos a ‘expertise’ da Norte Pesca e o volume da Netuno. Será a maior exportadora de pescado oceânico do Brasil", prevê Colaferri.
A capacidade da Atuneira é de beneficiar 20 toneladas por dia de pescado fresco e de produzir 10 toneladas diárias de pescado congelado, além de desenvolver a pesca oceânica de atuns e afins. A nova empresa vai operar com uma frota inicial de 15 embarcações de médio e grande porte.
A parceria é uma prática comum da Netuno. Há três anos, a companhia tem junto com o Grupo Silvio Santos uma fazenda de camarão em Itapessuma (PE). Uma segunda unidade dividida com o Grupo SS deve ser inaugurada, até o final deste ano, em Itaporanga D’Ajuda, a 25 quilômetros de Aracaju, capital de Sergipe.
kicker: Empresa vai ampliar parceria com Grupo Sílvio Santos na criação de camarão