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Empresa amplia fertirrigação com vinhaça na cana

Subproduto do processamento da cana passou a beneficiar cerca de 80 mil hectares


Foto: Divulgação

A vinhaça é o resíduo malcheiroso que resta após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar (garapa) fermentado, para a obtenção do etanol (álcool etílico). O subproduto quando não é destinado corretamente pode contribuir para a poluição, contaminando rios e lagos. No entanto é crescente o uso em fertirrigação de lavouras.

Rica em nutrientes, com destaque para o potássio, a vinhaça é aproveitada na cultura da cana-de-açúcar permitindo a adubação orgânica das plantas, o que reduz ou até elimina a necessidade do uso de adubos químicos na lavoura. Além disso, seu uso permite o reaproveitamento da água que está em sua composição na irrigação das plantações, especialmente no período inicial de seu crescimento.

Uma das maiores empresas de bionergia do mundo, a BP Bunge Bioenergia, com sedes em cinco Estados brasileiros, conseguiu ampliar a área fertirrigada com a substância em 185%, ampliando de 27,5 mil hectares para 78,4 mil hectares a área beneficiada pela técnica entre 2019 e 2020.

"Para obter esse resultado tão expressivo a empresa realizou investimentos significativos na sua estrutura de transporte da vinhaça entre as usinas e as lavouras. Também foi necessário investir em equipamentos e na gestão planejada da aplicação localizada", explica Rogério Bremm, diretor Agrícola da BP Bunge Bioenergia.

A companhia tem o objetivo de reduzir por completo a dependência da adubação mineral de suas lavouras de cana-de-açúcar, adotando a adubação orgânica por vinhaça. Atualmente, três das 11 unidades da empresa estão próximas de atingir 100% de suas áreas próprias adubadas com o uso da vinhaça localizada. Mas a técnica é empregada em outras seis unidades.

A empresa inclusive aprimorou o software usado para essa operação utilizando a tecnologia embarcada nas máquinas, como o GPS e piloto automático, que garantem maior controle e qualidade, por meio de uma aplicação mais assertiva nas dosagens para a correta nutrição do canavial.

Apenas duas unidades da companhia não utilizam vinhaça localizada, pois se dedicam à produção de etanol e, por isso, a vinhaça produzida tem uma concentração menor de potássio inviabilizando seu transporte para aplicação in natura. Nessas unidades, 100% da vinhaça é destinada para o sistema de fertirrigação convencional via aspersão, diluída em água.

Entre as vantagens geradas pela fertirrigação com vinhaça estão o ganho ambiental, pelo aproveitamento total de um subproduto do processamento da cana e pela substituição do uso de outros fertilizantes, o que acarreta ganhos econômicos, uma vez que dispensa ou reduz gastos com adubos químicos. Além disso, traz ganhos em produtividade já que a adubação orgânica líquida e localizada possui maior eficiência em relação aos produtos químicos, incrementando assim o TCH (tonelada de cana por hectare) nas áreas beneficiadas e impulsionando o crescimento mais rápido do canavial. Outro ganho está relacionado ao RenovaBio, com um aumento na geração de CBios (papéis previstos na Política Nacional para os Biocombustíveis, que preveem a captura de uma tonelada de CO² da atmosfera a cada unidade) devido ao uso da vinhaça, pois os cálculos levam em conta os menores impactos ambientais.

Além da fertirrigação localizada, a vinhaça é também aproveitada em unidades da empresa diluída em água, em aplicações por aspersão. No total, 71 mil hectares de lavoura de cana-de-açúcar da companhia são beneficiados por esse processo. Ao final, entre fertirrigação localizada e aplicações de vinhaça por aspersão, cerca de 150 mil hectares são tratados e beneficiados com o subproduto nas lavouras próprias da empresa.
 

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