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Empresa canadense amplia rebanho com parcerias


O sistema de integração que já é uma tradição na criação de frangos e suínos no Brasil tem agora um programa similar no gado bovino. A divisão agropecuária do grupo canadense Brascan adotou um programa de parcerias com pecuaristas que guarda uma semelhança com os produtores integrados de aves e porcos com empresas como a Sadia e a Perdigão.

O objetivo do Grupo Brascan é aumentar cada vez mais o número de bovinos, depois da reestruturação efetuada em 1999, período em que a empresa passou a atuar de forma mais intensiva na área de cria, e passou a negociar mais animais no mercado interno.

Pelo programa de parcerias, o pecuarista recebe matrizes - vacas com prenhezes garantidas - e faz todo o manejo até o nascimento dos bovinos, que passam a ser de sua propriedade. O pagamento será feito pela moeda do produtor, ou seja, em bovinos. "É o hedge perfeito, porque ele compra animais e os paga em bezerros", diz o engenheiro agrônomo Renato Cassim Cavalini, presidente da Fazendas Bartira, empresa do grupo.

Com este programa, o pecuarista faz contrato de cinco anos com a Brascan e recebe em sua propriedade um número definido de matrizes com prenhezes. Os bezerros serão do criador associado, que pagará com 25% dos machos que nascerem das vacas recém-incorporadas à sua propriedade. Com isso, as vacas continuam de propriedade da Brascan e os filhos ficam com o sócio.

Segundo Cavalini é bom para ambos lados. Para o pecuarista, é uma maneira de ele dispor de rebanho para cria ou recria sem no entanto precisar gastar muito e sem a necessidade de adquirir matrizes, o que acaba sendo muito oneroso. Já a Brascan tem a opção de "aumentar o seu rebanho sem investir em terras, nem imobilizar capital".

Em média, diz ele, o retorno desta operação é superior ao de uma aplicação em CDI, o "que compensa". Uma matriz custa em média R$ 600 mil e para que o pecuarista possa dispor de um número determinado de bezerros precisaria investir muito. "Com a parceria, todos ganham."

Embora recente, a empresa já tem 20 mil matrizes em parceria com pecuaristas de São Paulo e Minas Gerais e vai iniciar contatos com produtores do Mato Grosso, informa o veterinário Luís Fernando Della Togna, diretor-operacional da Fazendas Bartira, recém-contratado para administrar o braço agropecuário da Brascan.

O setor agropecuário da Brascan fatura no Brasil R$ 16 milhões por ano, mas tem ativos expressivos, em torno de R$ 300 milhões, e a intenção portanto é aumentar a lucratividade. "Os preços das terras são muito elevados", diz Cavalini.

O rebanho atual da Fazendas Bartira é de 65 mil cabeças, o que inclui as matrizes (no total de 36 mil vacas) e os reprodutores. Depois da reestruturação, as vendas de bovinos, por meio de diversos leilões, triplicaram em quatro anos. Neste ano, a expectativa de Cavalini é de que sejam comercializados 26 mil animais, 18% a mais em relação aos 22 mil negociados em 2003. Em 2002, a Brascan havia vendido 18 mil animais, enquanto em 2001 o volume vendido foi de 14 mil animais, o dobro em relação aos 7 mil em 2000, ano da primeira grande venda depois das mudanças.

A Fazendas Bartira está entre as maiores produtoras de novilhos do País. "Os animais são vendidos a pecuaristas de pequeno e grande porte, especializados em recria e engorda, para abate", diz. Segundo o presidente, os animais têm precocidade, ganho de peso e com padronização de carcaças. A empresa seleciona há mais de 40 anos matrizes da raça nelore e faz cruzamentos industriais com as raças aberdeen, red angus, braunvieh (pardo-suíço), brangus, brahman e santa gertrudis. A Fazendas Bartira tem quatro unidades, localizadas na região de Presidente Prudente (SP) - em Martinópolis, Rancharia e Narandiba - e Canápolis (MG).

Os animais obtidos, por conta dos investimento em genética, estão prontos para abate entre 18 e 20 meses com 18 arrobas e com capa estimada entre 3 e 4 milímetros de gordura, "que é o que o mercado deseja". No futuro o foco será a exportação de carne. "Sabemos que hoje nossos animais são adquiridos por frigoríficos que exportam carne."

O Grupo Brascan fatura no Brasil R$ 1,6 bilhão por ano em suas diversas atividades, que inclui os setores imobiliário, incorporações, administração de shoping centers, reflorestamento, energia elétrica, mineração, seguros, madeira, além da agropecuária (que inclui soja, borracha, cana-de-açúcar, milho, citros e abacaxi). O grupo começou a operar no País em 1897, como proprietária da Light, desapropriada pelo governo militar em 1966.

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