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Encerra nesta quinta workshop sobre manejo da broca-do-café


Uma mesa redonda visando a definição de projetos cooperativos de controle da praga nos países produtores encerra hoje (02-12) o Workshop Internacional sobre Manejo da Broca-do-café, que reuniu em Londrina (PR) 130 participantes de diversos países latino-americanos. O encontro é promovido e realizado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão oficial de pesquisa agropecuária do Estado, vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

“O evento é muito importante, pois reuniu vários dos mais credenciados cientistas do mundo que, há décadas, investigam a broca-do-café em suas áreas de especialidade. Eles são unânimes em relação a um aspecto: é muito difícil manejar esse inseto”. A afirmação é do pesquisador Pablo Benavides, do Centro Nacional de Investigaciones de Café, da Colômbia, um dos participantes do workshop.

“Depois de 91 anos que chegou à América Latina, a broca-do-café continua sendo um problema muito sério”, reiterou o especialista, que é doutorado em entomologia e genética e pós-doutorado em biologia molecular, pelas universidades norte-americanas de Pardue e Maryland. A primeira ocorrência da praga foi registrada em 1913, em lavouras do município de Campinas, SP. A partir deste local, disseminou-se para as regiões produtoras de café do Brasil e avançou para os países vizinhos.

Pablo conceitua as discussões que estão ocorrendo durante o evento como muito importantes. “Pela primeira vez, no mundo, abordamos os aspectos genéticos da broca-do-café. É fundamental conhecê-los para podermos desenvolver formas eficazes de controle da praga”, enfatiza.

Problema complexo:

Bernard Dufour, do Cirad (Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento), da França, faz uma avaliação do worshop: “É uma excelente oportunidade para a troca de experiências. Em primeiro lugar, por acontecer no Brasil, o maior produtor mundial de café. E, principalmente, para promover e estreitar o relacionamento entre os cientistas que trabalham na América Central e os brasileiros“.

O pesquisador francês considera o controle da broca-do-café como um problema complexo, pois está relacionado a diversos fatores, como clima, latitude, altitude, sistemas de cultivo, entre outros e é específico a cada região produtora.

Desta forma, ele acredita que a metodologia adotada pelo Iapar para realizar o encontro foi a ideal. “O mais interessante é que estamos em um grupo pequeno, porém adequado, para conversar, dar opiniões. Estamos em família”, conclui Bernard que, atualmente, desenvolve projetos da entidade francesa em El Salvador. O Cirad atua na pesquisa cafeeira em dez países da América Latina, África e Ásia. Além de pesquisadores, extensionistas, professores e produtores rurais também participam do Worshop Internacional sobre o Manejo da Broca-do-café.

Nível chega a 80%:

O engenheiro agrônomo Carlos Daniel Vecco percorreu mais de 5 mil km, divididos em vários trajetos de ônibus e trem, numa viagem de seis dias e custeada com dinheiro do seu próprio bolso, para ouvir as informações transmitidas em quatro palestras técnicas e na explanação de 29 trabalhos. Ele preside o conselho diretor da URKU Estúdios Amazônicos – Organização Não Governamental da cidade de Tarapoto, Peru, que presta assistência técnica a cerca de 500 pequenos produtores de café na região norte daquele país.

Carlos Daniel diz que valeu o esforço, pois teve contato com investigadores muito respeitados pelo trabalho que desenvolvem na América Latina. Além desta viagem, o agrônomo esteve em Londrina nos meses de maio e agosto do ano passado jundo com outro técnico da ONG e agricultores peruanos para buscar, no Iapar, tecnologias viáveis que divulgou em sua região (Província de San Martín), onde a incidência da broca varia de 22% a 80%. Ele informa que os agricultores assistidos entidade já estão utilizando armadilhas para controle e monitoramento da praga e o fungo Beauveria bassiana.

Na opinião do técnico peruano, “o impacto deste encontro é muito benéfico para a América Latina, pois as discussões poderão servir de base para orientar políticas nacionais e regionais, e também de cooperação internacional, buscando maior eficiência em pesquisa e transferência de tecnologias em favor dos produtores”.

Beatriz Ferraz Pereira de Queiroz, produz café em sua fazenda, no município de Garças (SP) uma região onde a broca não é um problema tão sério como nas que adotam o sistema de plantio adensado. Entretanto, ela diz que foi muito bom ter participado dos quatro dias de discussão e conta que obteve uma informação importante: “Devo monitorar a praga e dividir a propriedade em talhões, para identificar as áreas onde será necessário aplicar produtos no controle do inseto, conforme recomendação do pesquisador Rodolfo Bianco, do Iapar, no trabalho que expôs durante o evento”, conta a produtora. Beatriz afirma que fazia aplicação de agroquímicos no cafezal inteiro quando precisava controlar a praga.

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