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Engenharia Florestal: novos desafios nos 50 anos da profissão no Brasil

Dia do Engenheiro Florestal é marcado por debate sobre o novo Código Brasileiro


Dia do Engenheiro Florestal é marcado por debate sobre o novo Código Brasileiro

2010 marca os 50 anos da Engenharia Florestal no Brasil. Estes profissionais, que têm por responsabilidade a administração dos recursos naturais, encontrando subsídios para que seja possível usufruir dos produtos florestais de forma contínua e ambientalmente correta, são cada vez mais solicitados. “Podemos afirmar que esta é hoje uma profissão consolidada”, afirma o coordenador do curso de graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luiz Ernesto Grillo Elesbão.

Engenheiro florestal, agropecuarista e conselheiro da Câmara de Engenharia Florestal do CREA-RS (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Elesbão é um dos 627 profissionais do RS que comemoram o Dia do Engenheiro Florestal nesta segunda-feira, 12 de julho.

“Atualmente, a questão não é a preservação, e sim como recuperar o que foi destruído”, diz Elesbão. Para ele, o segmento agropecuário brasileiro está muito avançado e vem se adequando aos novos sistemas a fim de minimizar os impactos ao meio ambiente. Entretanto, o professor lembra que o passivo ambiental deixado pelas práticas inconsequentes, que visam somente o lucro, já afetaram o potencial produtivo de várias regiões. “Todo processo de produção usa recursos naturais; sendo assim, precisamos aumentar a produtividade por área, procurando não avançar em florestas, principalmente na Amazônia.”

Por isso, Luiz Ernesto Grillo Elesbão critica a falta de critérios técnicos na elaboração do novo texto do Código Florestal Brasileiro, aprovado no dia 6 de julho pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Para ele, o documento fragiliza a proteção ao meio ambiente proporcionado pela legislação atualmente em vigor. “Entre tantas aberrações, talvez a suspensão das penalidades para quem cometeu crimes ambientais até julho de 2008 seja uma das maiores”, comenta.

Para o engenheiro florestal, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) são de extrema importância para a conservação da biodiversidade e, principalmente, para a manutenção dos recursos hídricos. “As constantes cheias demonstram claramente isso”, conclui. As reservas legais, que, conforme o texto do novo Código, deixarão de ser obrigatórias em propriedades com até quatro módulos rurais, tem a função de criar corredores ecológicos. “Estes espaços são passíveis de uso, de acordo com a vocação do lugar. Campos podem ser ocupados com pecuária e florestas podem ser manejadas para extração de madeira”, explica Elesbão. Para ele, definir um percentual de reserva em função da localização é inviabilizar a produção agrícola, já que as APPs cumprem esta mesma função. Entretanto, eliminar estas reservas legais significa que, na Amazônia, em uma propriedade com 400 hectares, toda a floresta poderá ser retirada. “Isto significa o sacrifício de 71.000.000 de hectares”, afirma o professor da UFSM.

Já o deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que participou das discussões da Comissão Especial sobre o novo Código Florestal, considera a isenção de reserva legal em propriedades com até quatro módulos rurais um avanço. Serão 400 mil propriedades no RS e mais de 4 bilhões de propriedades no Brasil beneficiadas, afirma. Além disso, o deputado é favorável à redução das Áreas de Preservação Permanente das matas ciliares. O novo Código prevê uma redução de 30m para 15m. Mas Heinze acredita que esta diminuição pode ser ainda maior e defende a um estudo que verifique a distância correta, levando em consideração a biodiversidade e o ecossistema.

“O Brasil é o único país com reservas legais”, garante o deputado. Para ele, o Estado deveria desapropriar terras para fazer reservas ambientais, e não obrigar os produtores a deixar parte de suas propriedades para esta finalidade.

Engenheiro agrônomo e produtor rural, Heinze considera a consolidação de áreas exploradas, previstas no texto do novo Código, de fundamental importância para os ruralistas. As principais culturas beneficiadas por esta medida no RS são o fumo, a maçã, a uva, a banana e o arroz, além da pecuária de leite, da suinocultura e da avicultura.

A intenção do deputado Luiz Carlos Heinze é que o novo Código Florestal contemple os anseios de ambientalistas e de produtores. “Entendo que temos que preservar, mas esta responsabilidade não pode ser somente do produtor rural”, garante. Entretanto, o engenheiro florestal Luiz Ernesto Grillo Elesbão não acredita nessa possibilidade. “Pela radicalização inconsequente das partes, nunca teremos um Código Florestal que satisfaça produtores rurais e ambientalistas”, lamenta. O engenheiro florestal acredita que só haverá leis coerentes quando forem considerados fatores como geomorfologia, topografia, vegetação, entre outros. “Decisões como esta devem se beneficiar de conhecimentos gerados pela pesquisa e pelos avanços tecnológicos, e não considerar a opinião de qualquer leigo sobre gestão de recursos ambientais”, finaliza Elesbão.

O Agrolink parabeniza todos os engenheiros florestais!


Confira em vídeo a declaração do deputado federal Luiz Carlos Heinze para o dia dos Engenheiros Florestais

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