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Entidades criticam decisão do ministério sobre lácteos

Setor cobra explicações formais do Mapa para desbloqueio ao leite uruguaio


 O desbloqueio da importação de lácteos do Uruguai, anunciado pelo Ministério da Agricultura na segunda-feira, gerou críticas do setor ligado à cadeia produtiva do leite e do secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo. Até ontem, nenhuma liderança gaúcha havia recebido informações sobre os motivos que levaram o governo a autorizar novamente as compras de produtos lácteos do país vizinho. A suspensão estava em vigor desde 10 de outubro, sob alegação de que o Mapa investigaria suspeitas de triangulação dos uruguaios.

Polo solicitou ontem ao ministério o relatório completo da auditoria que foi feita na última semana no Uruguai. “Quero ter acesso a todas as informações que foram checadas, porque tínhamos números que indicavam que a produção uruguaia não era compatível com o que estavam exportando para o Brasil”, afirma. O secretário também pede que seja rediscutida, no âmbito do Mercosul, a possibilidade do livre comércio de insumos. “Se podemos ter livre comércio de produtos, também queremos poder comprar no Uruguai insumos mais baratos que os que são vendidos no Brasil”, cobra.

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, disse que aguarda que o ministério encaminhe “explicações formais” sobre as razões para a reabertura do comércio para o leite do Uruguai. Guerra também diz que espera que o governo tenha iniciado com o país vizinho as conversas sobre a imposição de cotas, a exemplo do que acontece com a Argentina. “Se o governo brasileiro não abriu este diálogo, ele perdeu o melhor momento de fazer isso”, defende. Ele acrescenta que a indústria operou quatro meses “no vermelho” e que, mesmo que haja uma reação do preço do leite por conta da queda da importação e da redução de 8% na produção gaúcha em outubro, dificilmente esta recuperação será repassada neste mês ao produtor.

Para o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, o caminho é continuar insistindo para que o governo estabeleça limites para a entrada de produtos lácteos uruguaios. “E se não der as cotas, o governo tem que partir para a medida de retirar o leite do acordo do Mercosul”. O coordenador da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues, concorda que a liberação da entrada dos produtos uruguaios não põe fim à discussão das cotas.

Em audiência pública no Senado ontem, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Rangel, disse que a suspensão da importação de leite uruguaio foi uma medida preventiva. “Suspendemos as importações para investigar”, explicou. “Auditamos in loco as três maiores produtoras uruguaias para verificar se no leite produzido no país havia lastro suficiente para abastecer as agroindústrias locais e ainda exportar para o Brasil”, disse. O relatório preliminar não apontou indício de triangulação. 

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