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Entressafra diminui negócios em derivativo de commodities

Expectativa é que pico de negócios ocorra em outubro



O período de entressafra diminuiu sazonalmente em 6,3% o número em contratos futuros de commodities do agronegócio negociados no segmento BM&F da Bolsa de Valores de São Paulo. O número de contratos registrados caiu para 182,029 mil em junho de 2014, ante 194,274 mil em maio último. Na comparação com junho do ano passado, quando não houve restrição da negociação por causa da Copa do Mundo de Futebol, a queda foi de 1,6%.

"A partir do final do mês de julho, a liquidez, principalmente em contratos de boi gordo, deve começar a melhorar. O pico de negócios deve acontecer em outubro", prevê o diretor da Cartezyan, Wagner Caetano.

De acordo com o balanço mensal de operações da BM&FBovespa, o número de contratos futuros de boi gordo apresentou queda de 27,7% para 71,606 mil contratos, ante 99,025 mil registrados em maio último. Na comparação com junho de 2013, quando foram registrados 86,604 mil contratos, a queda foi de 17,3%. Em volume financeiro, os negócios com boi gordo giraram R$ 2,086 bilhões no último mês de junho. "Apesar da queda dos negócios em boi gordo, o principal contrato negociado, a BM&FBovespa faz um movimento junto aos produtores para aumentar os negócios com milho, café e etanol hidratado", apontou o diretor da Cartezyan.

Nesse segmento de derivativos, os produtores, em geral, são procurados para realizar operações de hedge (proteção) contra a baixa dos preços dos produtos, enquanto na outra ponta do contrato aparecem consumidores dos produtos (importadores de outros países, indústrias de alimentos, e agentes intermediários) e especuladores que buscam proteção (hedge) contra a alta das commodities.

Em junho, o número de negócios com derivativos de milho cresceu 21,6% para 82,555 mil contratos, ante os 67,870 mil contratos negociados em maio. Na comparação com junho de 2013, quando foram negociados 70,109 mil contratos, a alta foi de 17,7%. O mercado de derivativo de milho futuro com liquidação financeira girou R$ 876,763 milhões em julho de 2014, ou US$ 393,196 milhões. "Os investidores estrangeiros estão negociando mais nesse mercado, seria desejável que os clientes locais também promovessem mais negócios com derivativos de commodities no Brasil", observou Wagner Caetano.

O boletim de operações ainda registrou um aumento anual de 43,6% nos negócios com derivativos de café arábica futuro para 11,486 mil contratos em junho de 2014 (R$ 505,054 milhões), ante 7,999 mil contratos negociados em junho do ano passado.

Em menor grau, o segmento de derivativos de etanol hidratado apresentou crescimento de 14,9% na comparação anual, de 4,272 mil contratos em junho de 2013 para 4,91 mil contratos negociados em junho de 2014, girando o volume de R$ 180,045 milhões nesse último mês.

Potencial

Na avaliação do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o mercado de derivativos de commodities do agronegócio no Brasil deve crescer muito nos próximos anos, na medida em que a economia brasileira tenha taxa de juros em patamares mais próximos da realidade dos países desenvolvidos.

"Nas principais economias, o segmento de commodities é o grande filão de negócios para Bolsas de Valores. Aqui, no Brasil, o produtor ainda prefere emprestar seu dinheiro ao governo por causa dos juros altos, e não está habitado a fazer hedge (proteção) de sua produção", comparou.

Mas o economista avalia que esse comportamento já está mudando. "As gerações mais novas de produtores entendem melhor o produto. Há 10 anos, o produtor ligava para a BM&F perguntando se a Bolsa tinha curral para entrega do boi gordo", diz Perfeito.

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