Epagri de SC desenvolve nova mandioca
A SCS 253 Sangão proporciona maior rendimento para a indústria de farinha, polvilho e fécula
Apartir de agosto, os produtores de mandioca da região de Urussanga (SC) terão uma opção diferente para aumentar a lucratividade na hora da venda do produto. A Estação Experimental da Epagri de Urussanga lançará oficialmente a SCS 253 Sangão, uma nova variedade de mandioca, que proporciona maior rendimento para a indústria de farinha, polvilho e fécula. Com a Sangão, os agricultores poderão receber até 50% a mais por tonelada, em comparação com as variedades já existentes no mercado, de acordo com os agrônomos da Epagri.
A Estação Experimental da Epagri de Urussanga trabalha com melhoramento genético da mandioca há mais de 20 anos. O desenvolvimento da Sangão iniciou há cerca de 15 anos. Os testes estão sendo realizados em vários municípios do Sul de Santa Catarina, como Araranguá, Sombrio, São João do Sul e Jaguaruna. Os testes ocorrem nas propriedades rurais e os agricultores colaboram na pesquisa verificando a adequação da planta ao solo e demais questões relacionadas ao desenvolvimento dela.
Esse mês marcou o início das colheitas em onze unidades de pesquisa participativa instaladas em propriedades em diferentes regiões do Estado. Dez variedades de mandioca estão sendo avaliadas pela Epagri em Santa Catarina no que diz respeito à produtividade, teor de amido nas raízes, parte aérea, doenças (as variedades criadas pela Epagri seriam resistentes à principal doença das plantações do Estado, a "sapeca"), qualidade de ramas e raízes e facilidade de colheita.
Segundo Augusto Carlos Pola, engenheiro agrônomo da Estação Experimental da Epagri de Urussanga, a SCS 253 Sangão possui um maior teor de matéria seca nas raízes, o que em termos práticos possibilita que as indústrias obtenham maior rendimento. E esse maior rendimento está trazendo mais rentabilidade para os agricultores. Pola afirma que atualmente o valor que as unidades de beneficiamento pagam pela tonelada da raiz varia entre R$ 100 e R$ 110 em média. Já pela tonelada da raiz da variedade Sangão, até R$ 150. "Os agricultores que estão plantando a Sangão estão bem satisfeitos. O plantio dessa variedade pode ser uma opção para a lavoura", afirma.
Resultados agradam aos produtores
Manoel Francelício Pedrozo, da localidade de Sanga da Toca, em Araranguá, é um dos agricultores que aceitaram fazer parte da pesquisa da Epagri. Há cerca de três anos, Pedrozo iniciou o cultivo da SCS 253 Sangão, e afirma que irá continuar cultivando a variedade. Ele começou a cultivar aos poucos, e hoje a Sangão ocupa 50% dos 12 hectares de mandioca plantados na propriedade. Segundo ele, a produção por hectare da SCS 253 Sangão é de 20 toneladas se for colhida no primeiro ano e 35 toneladas se colhida em dois anos. "A produtividade do outro tipo que planto fica um pouco abaixo disso, e até se iguala às vezes, mas a Sangão tem mais amido e rende mais no beneficiamento", afirma. Pedrozo acredita que os próximos dois anos ainda serão de adaptação da nova variedade ao solo e ao clima.
Saiba mais:
A SCS 253 Sangão, assim como a SCS 252 Jaguaruna (uma variedade de mandioca mais produtiva e que se adaptou melhor no Alto Vale do Itajaí), lançada pela Estação Experimental da Epagri de Urussanga, levam o nome desses municípios por eles serem os maiores produtores de mandioca do Estado.
Na safra passada, Santa Catarina colheu 32 mil hectares de mandioca.
Juntos, os municípios da Amurel, Amrec e Amesc são responsáveis por 30% da mandioca plantada.
O Estado possui 350 engenhos de farinha, 30 indústrias de polvilho e nove de fécula.