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Especialistas apontam desafios e oportunidades para a Internet das Coisas na agricultura

Evento organizado pela Embrapa Informática Agropecuária e a SIM reuniu especialistas de diferentes setores no painel realizado no dia 6, em SP


Evento organizado pela Embrapa Informática Agropecuária e a Secretaria de Inteligência e Macroestratégia (SIM) reuniu especialistas de diferentes setores no painel "Internet das coisas e suas implicações na agricultura digital", realizado no dia 6, em Campinas (SP). O objetivo do evento foi prospectar tendências e sinais para o Observatório de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na Agricultura, vinculado ao Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa, o Agropensa.
 
Ao final do evento, Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Unidade que coordena o Observatório, anunciou uma iniciativa com a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), batizada SitIoT, que prevê a disponibilização de uma área experimental para que parceiros possam testar suas tecnologias e inovações em IoT na agricultura, visando a geração de soluções integradas e interoperavéis.
 
Antes, representantes da IBM Brasil, John Deere, Bayer CropScience, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Universidade Nova de Lisboa e consultoria McKinsey apontaram oportunidades e desafios para o desenvolvimento da IoT na agricultura. A internet das coisas (IoT, do inglês Internet of Things) refere-se à capacidade de conectar infraestruturas e objetos do dia a dia à rede mundial de computadores, desde câmeras e meios de transporte até máquinas industriais e sensores, otimizando atividades em diversos setores.
 
Para Silvia Massruhá, o evento ofereceu mais uma oportunidade de ampliar a interação com os diversos atores ligados ao tema. "A Embrapa tem condições de assumir um papel de articuladora nesse campo, considerando as tendências e demandas que chegam a nós", disse. O painel de especialistas, segundo o coordenador de Inteligência Estratégica da Embrapa, Édson Bolfe, é fundamental para o acompanhamento do ambiente externo e a prospecção de informações que deverão alimentar o Agropensa e apoiar a formulação de novas estratégias de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
 
O desenvolvimento da IoT para o meio urbano já vem evoluindo, com experiências de soluções para as chamadas Cidades Inteligentes (Smart Cities), boa parte ligadas à mobilidade e à sustentabilidade. Na agricultura, de acordo com os especialistas, entre as áreas potenciais para aplicação da IoT destacam-se a agricultura de precisão, a automação, a logística, a gestão de rebanhos e o monitoramento ambiental e da produtividade. Pedro Maló, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, afirmou que o Brasil tem potencial para tornar-se uma referência mundial no desenvolvimento de soluções IoT na agricultura e disseminar o conceito de Smart Rural. "A tecnologia pode ajudar a promover ainda mais a sustentabilidade e a competência da agricultura brasileira". Ele apresentou iniciativas em andamento na Europa que atuam como laboratórios colaborativos para o avanço da pesquisa em agricultura, apoiadas em tecnologias como a IoT, como o Dairy Campus, ligado à Universidade de Wageningen, na Holanda.
 
O líder em Desenvolvimento de Novos Negócios no Centro de Competências em IoT da IBM Brasil e América Latina, Fernando Giglio, chamou a atenção para a geração de valor pela tecnologia. "Ela deve ter aderência às necessidades do setor. É importante pensar aplicações em IoT que de fato tenham valor para o agronegócio e a agricultura". André Salvador, diretor de Digital Farming na Bayer CropScience, apresentou a experiência no desenvolvimento da ferramenta digital para auxiliar os produtores no gerenciamento das lavouras. O foco, segundo ele, foi pensar nas principais preocupações do agricultor, como clima, pragas e doenças da lavoura. "A Digital Farming dispõe de um sistema de alerta contra pragas que abrange mais de 5 mil municípios. A ideia agora é trazer este sistema de alerta para o nível da propriedade e depois avançar para o nível de talhão", explicou Salvador.
 
As ferramentas digitais também devem ter um importante papel no aumento da produtividade de forma sustentável, segundo o sócio da consultoria McKinsey, Nelson Ferreira. Ele apontou que há uma quantidade crescente de dados gerados por sensores diversos, drones e pela agricultura de precisão, por exemplo, que estão diretamente ligados à produtividade e que representam um ativo importante na tomada de decisão.
 
Os gargalos para o avanço da IoT na agricultura também foram abordados. Os problemas de conectividade na área rural, com a limitação na cobertura por telefonia celular e internet, foram os mais citados. Adamy Marlon, gerente de Engenharia em Agricultura de Precisão da John Deere, destacou ainda a necessidade de formar mão de obra capacitada para as novas tecnologias, a regulação, a integração e o compartilhamento de dados como desafios para o desenvolvimento da IoT no campo. O vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento do CPqD, Alberto Paradisi, também destacou os problemas de conectividade e apresentou o projeto do centro de pesquisa, em parceria com um grupo do setor sucroenergético, que utiliza tecnologia de cobertura macrocelular para ampliar o acesso à internet no raio de atuação de usinas de cana-de-açúcar, oferecendo mobilidade e qualidade de serviço.

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