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Especialistas discutem alternativas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia


Pesquisadores de sete países que formam a Amazônia estarão reunidos em Belém, de 19 a 28 deste mês, para trocar experiências sobre a utilização de Sistemas Agroflorestais (SAFs) como alternativa à degradação ambiental. Esses sistemas caracterizam-se basicamente em aliar o plantio de culturas agrícolas a essências florestais, seja em pequenas propriedades, grandes fazendas ou outros cenários. É fazer agricultura em harmonia com a floresta, ou levar a própria floresta para áreas agrícolas e de pastagens.

O workshop é promovido pelo Centro Mundial Agroflorestal (Icraf), que tem sede em Nairobi, no Quênia; pela Embrapa Amazônia Oriental e pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), que tem sede em Kali, na Colômbia. Ele faz parte das ações da Iniciativa Amazônica, um consórcio de cooperação internacional que reúne instituições de pesquisa e desenvolvimento de seis países amazônicos em torno de um desafio: melhorar as condições de vida no ambiente rural da Amazônia Continental e reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais na região.

Esta é a primeira atividade concreta da Iniciativa Amazônica de forma colaborativa. Espera-se que a partir desse evento seja desencadeado um processo de formação de uma rede de pesquisa na Amazônia, centrada na utilização de sistemas agroflorestais como alternativa viável e sustentável à degradação ambiental”, explica Roberto Porro, secretário executivo da Iniciativa Amazônica.

A Amazônia Continental tem uma área total de 7.8 milhões de quilômetros quadrados, com uma população de 35 milhões de pessoas. Nos últimos 30 anos, essa região perdeu cerca de 80 milhões de hectares de sua floresta para atividades, via de regra, não sustentáveis, sendo que cerca de 30 milhões de hectares encontram-se em acentuado estado de degradação.

Nesse cenário, a implantação dos sistemas agroflorestais aparece como alternativa concreta à degradação de recursos naturais. Eles ensejam um manejo de recursos naturais dinâmico e ecológico, que através da integração de árvores em pequenas propriedades agrícolas, grandes fazendas e outros cenários, diversifica e aumenta a produção, promovendo benefícios econômicos e sociais para os usuários dos recursos naturais.

A pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Gladys Souza explica que existem iniciativas na região no uso de SAFs, mas são feitas ainda de forma isolada. Ela cita como exemplo uma experiência local: a da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu – CAMTA. Lá, o cultivo de fruteiras e essências florestais é bastante utilizado entre os agricultores. Essa experiência, inclusive, será visitada pelos participantes do evento. No município, os pesquisadores conhecerão sistemas que utilizam espécies como seringueira, taperebá, cupuaçu e mogno, além de cacau e freijó.

Um dos objetivos do workshop, na opinião de Roberto Porro, é fazer com que as experiências isoladas sejam intercambiadas e utilizadas como base para a formulação de políticas públicas. “Queremos entender por que isso não está ocorrendo hoje, e quais as principais barreiras, tanto no aspecto biofísico, quanto socioeconômico e político, que impedem a adoção em uma escala mais ampla dessas iniciativas promissoras”, completa o secretário executivo da IA.

O evento, além materializar essa troca de experiência, é uma importante expressão do processo de formação da rede de pesquisa na região. Ele, inclusive, transcende a própria Iniciativa Amazônica na medida em que envolve instituições de outras naturezas – como universidades e organizações não governamentais– nesse processo.

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