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Especialistas divergem sobre o uso de Tamiflu em crianças

Especialistas divergem sobre o uso de Tamiflu em crianças


Artigo diz que efeitos colaterais são maiores que os benefícios, mas infectologista alerta que não se deve correr o risco de não tratar.

Especialistas consultados pelo Abril.com divergem sobre o estudo divulgado na segunda-feira (10) pelo British Medical Journal, segundo o qual os remédios Tamiflu e Relenza podem provocar mais efeitos colaterais do que benefícios em crianças de até 12 anos com sintomas de gripe suína.

“Ainda não há um estudo amplo o suficiente que comprove a diminuição da letalidade do vírus com o uso do Tamiflu”, diz o infectologista pediátrico Marcos Lago, chefe do departamento de pediatria da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Lago defende que a doença não é tão grave quanto se alerta e que as crianças que apresentam os sintomas, mas não estão no grupo de risco, não precisam tomar o remédio, mas devem ser acompanhadas. O médico ressalta, porém, que não há consenso sobre a questão. “Deve-se olhar caso a caso.”

A médica infectologista Nancy Bellei, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) é uma das que defendem o uso dos remédios em qualquer criança que apresente os sintomas do influenza A (H1N1), o vírus da gripe suína.

Nancy diz que os possíveis efeitos colaterais (os mais comuns são náuseas, vômito e dores abdominais) são causados até mesmo em adultos, duram de um a dois dias, e cessam com a continuação do tratamento.

“Os efeitos colaterais são poucos se comparados com os benefícios. É arriscado não tratar uma criança com sintomas da gripe por causa dos efeitos colaterais”, afirma.

Segundo Nancy, o artigo que contesta a eficácia do Tamiflu e do Relenza não deve ser seguido à risca, pois se baseia em uma revisão de outros estudos, que tiveram como pacientes portadores do vírus da gripe sazonal, não da gripe suína.

“Cada vírus é um caso. Contra o vírus da gripe sazonal, o Tamiflu não tem efeito. Enquanto que contra o da gripe aviária e o da gripe suína ele reage bem”, explica a médica, especialista em influenza, o vírus da gripe.

Procurado pelo Abril.com, o Ministério da Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que vai avaliar o estudo, mas que “é importante destacar que (a gripe suína) se trata de um vírus novo, com poucos estudos publicados sobre seu comportamento” e que, por isso, “nenhum estudo é conclusivo ao ponto de suscitar mudanças no protocolo do Ministério”.

O Ministério diz ainda que “o uso parcimonioso da única arma que temos, no momento (Tamiflu), para tratar casos graves reduz a possibilidade de o novo vírus desenvolver resistência ao medicamento no Brasil”.

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