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Pesquisa valida vacina contra verminose de caprinos e ovinos

A vacinação é uma medida limpa, não deixa resíduos na carne ou no leite e não requer período de carência


A ocorrência de verminoses causa elevadas perdas econômicas aos criadores A ocorrência de verminoses causa elevadas perdas econômicas aos criadores - Foto: Pixabay

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelou avanços no desenvolvimento de uma vacina para controlar a verminose, principal desafio sanitário enfrentado por criadores de caprinos e ovinos no Brasil. A vacina, validada pela Embrapa em animais da região Nordeste, apresentou eficácia entre 80% e 90% em ovinos e entre 60% e 70% em caprinos. Desenvolvida por pesquisadores do Moredun Research Institute, na Escócia, a vacina é uma medida preventiva que aumenta a resposta do animal contra o parasita hematófago H. contortus.

Marcel Teixeira, médico veterinário e pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), destacou que a vacina não visa erradicar a parasita, mas sim reduzir sua carga no animal, permitindo que eles mantenham uma produção saudável. Teixeira enfatizou que a verminose, causada pelo H. contortus, é um problema sério, provocando anemia e alta mortalidade nos rebanhos, o que resulta em prejuízos econômicos significativos para os criadores.

A vacinação representa uma alternativa viável ao uso contínuo e muitas vezes inadequada de vermífugos, que pode levar ao desenvolvimento de resistência parasitária. Além disso, a vacinação não deixa resíduos na carne ou no leite, não exigindo período de carência para o abate de animais ou para a produção de leite.

O estudo de validação da vacina foi realizado inicialmente em rebanhos da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, Ceará, e posteriormente ampliado para outras propriedades do Nordeste, especialmente na Bahia. Os resultados mostraram que a resposta à vacina varia entre espécies e raças, sendo os ovinos geralmente mais responsivos que os caprinos.

Rony Gleidson dos Santos, criador de ovinos na Bahia, participou dos testes da vacina em campo e ensinou uma redução significativa na incidência de verminose em seus rebanhos. Ele expressou interesse em utilizar a vacina quando estiver disponível para comercialização. Teixeira ressaltou que a prática comum de vários vermífugos usados ??pelos criadores pode levar à resistência parasitária a todas as drogas em uso.

Após a validação bem-sucedida, o próximo passo é conduzir estudos de maior duração e abrangência em diferentes regiões para obter o registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), órgão responsável pela autorização de comercialização. O pesquisador destacou que já existe interesse tanto do fabricante quanto da Embrapa e da cadeia produtiva em trazer a vacina para o Brasil, e a Embrapa está colaborando ativamente nesse processo.

A verminose é mais comum em áreas quentes e úmidas, onde causa grandes perdas econômicas para os criadores de gado. Estima-se que os custos anuais com tratamento apenas de animais afetados por H. contortus sejam transmitidos em países como Quênia, África do Sul e Índia. No entanto, estudos recentes indicam que a parasita está presente até mesmo em regiões mais frias, como o norte da Europa, destacando a importância da vacina como uma medida eficaz de controlo.

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